sábado, 29 de novembro de 2008

Evangelho Dominical

Reflexão do Evangelho Dominical

São Marcos 13, 33-37

Recordar as maravilhas de Deus na história
Pe. Thomas Rosica, C.S.B

A Igreja entra neste fim de semana no tempo litúrgico do Advento. Os cristãos proclamam que o Messias veio realmente e que o Reino de Deus está ao nosso alcance. O Advento não muda Deus. O Advento aprofunda em nosso desejo e em nossa espera de que Deus realize o que os profetas anunciaram. Rezamos para que Deus ceda à nossa necessidade de ver e sentir a promessa de salvação aqui e agora.
Durante este tempo de desejo e de espera no Senhor, somos convidados a rezar e a aprofundar na Palavra de Deus, mas estamos chamados antes de tudo a converter-nos em reflexo da luz de Cristo, que na realidade é o próprio Cristo. De qualquer forma, todos sabemos como é difícil refletir a luz de Cristo, especialmente quando perdemos nossas esperanças, quando nos acostumamos a uma vida sem luz e já não esperamos mais que mediocridade e o vazio. O Advento nos recorda que temos de estar prontos para encontrar o Senhor em todos os momentos da nossa vida. Como um despertador acorda seu proprietário, o Advento desperta os cristãos que correm o risco de dormir na vida diária.
O que esperamos da vida, ou quem esperamos? Por quais presentes ou virtudes rezamos neste ano? Desejamos reconciliar-nos em nossas relações sociais? Em meio às nossas escuridões, nossas tristezas e segredos, que sentido desejamos encontrar? Como queremos viver as promessas de nosso Batismo? Que qualidades de Jesus buscaremos para nossas próprias vidas neste Advento? Com freqüência, as coisas, as qualidades, os presentes ou as pessoas que buscamos e desejamos dizem muito sobre quem somos realmente. Dize-me o que esperas e te direi quem és!
O Advento é um período para abrir os olhos, voltar a centrar-se, prestar atenção, tomar consciência da presença de Deus no mundo e em nossas vidas.
Neste primeiro domingo do Advento, na primeira leitura do profeta Isaías, o Todo-Poderoso volta a dar esperança ao coração e à alma de Israel; modela Israel como o faz o oleiro com a cerâmica.
Na segunda leitura, em sua carta à comunidade amada de Corinto, Paulo diz que espera com impaciência «o dia do Senhor», no qual o Senhor Jesus se revelará a nós para salvar aqueles a quem chamou.
No Evangelho do primeiro domingo do Advento, Marcos descreve o porteiro da casa que vela em espera do regresso inesperado de seu senhor. Trata-se de uma imagem do que temos de fazer durante todo o ano, mas especialmente durante o período do Advento.
Nosso Batismo nos faz participar da missão real e messiânica de Jesus. Cada pessoa que participa desta missão participa também das responsabilidades régias, em particular, no cuidado dos afligidos e dos feridos. O Advento oferece a maravilhosa oportunidade de realizar as promessas e o compromisso do nosso Batismo.
O cardeal Joseph Ratzinger escreveu que «o objetivo do ano litúrgico consiste em recordar sem cessar a memória de sua grande história, despertar a memória do coração para poder discernir o sinal da esperança. Esta é a bela tarefa do Advento: despertar em nós as lembranças da bondade, abrindo deste modo as portas da esperança».
Neste tempo do Advento, permitam-me apresentar-lhes algumas sugestões. Acabem com uma briga. Façam a paz. Procurem um amigo esquecido. Eliminem a suspeita e substituam-na pela confiança. Escrevam uma carta de amor.
Compartilhem um tesouro. Respondam com doçura, ainda que desejassem dar uma resposta ríspida. Motivem um jovem a ter confiança nele mesmo. Mantenham uma promessa. Encontrem tempo, dêem-se tempo. Não guardem rancor. Perdoem o inimigo. Celebrem o sacramento da reconciliação. Escutem mais os outros. Peçam perdão quando se equivocam. Sejam gentis, ainda que não tenham feito nada errado! procurem compreender. Não sejam invejosos. Pensem antes no outro.
Riam um pouco. Riam um pouco mais. Ganhem a confiança dos outros. Oponham-se à maldade. Sejam agradecidos. Vão à Igreja. Fiquem na igreja mais do que o tempo acostumado. Alegrem o coração de uma criança. Contemplem a beleza e a maravilha da terra. Expressem seu amor. Voltem a expressá-lo. Expressem-no mais forte. Expressem-no serenamente.
Alegrem-se, porque o Senhor está próximo!

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Não há contradição entre justificação pela fé e caridade, declara Papa

Bento XVI dedicou a catequese na quarta-feira sobre São Paulo, durante a Audiência Geral, a aprofundar, seguindo o tema da quarta-feira passada, na questão da justificação pela fé e pelas obras.
São Paulo, sublinha o Papa, insistia em que o homem «não é capaz de tornar-se justo com suas próprias ações», mas «só porque Deus lhe confere sua justiça unindo-o a Cristo», através da fé.
Contudo, segundo disse o pontífice aos milhares de peregrinos congregados na Sala Paulo VI, o ponto é que esta fé «não é um pensamento, uma opinião ou uma idéia», mas «comunhão com Cristo», e portanto «se converte em vida, em conformidade com Ele».
«Ou com outras palavras, a fé, se é verdadeira, real, converte-se em amor, em caridade, expressa-se na caridade. Uma fé sem caridade, sem este fruto, não seria verdadeira fé. Seria fé morta», acrescentou.
A confusão entre ambos extremos, a justificação pela fé e a necessária tradução em obras de caridade «causou, no transcurso dos séculos, não poucos mal-entendidos na cristandade. Neste contexto, é importante que São Paulo, na própria Carta aos Gálatas coloque, por uma parte, o acento, de forma radical, na gratuidade da justificação não por nossas forças, mas que, ao mesmo tempo, sublinhe também a relação entre a fé e a caridade, entre a fé e as obras».
De fato, recordou, deve-se ao Apóstolo o hino mais belo sobre a caridade, na primeira Carta aos Coríntios.
«O amor cristão é tão exigente porque surge do amor total de Cristo por nós: este amor que nos exige, nos acolhe, nos abraça, nos sustenta, até atormentar-nos, porque nos obriga a não viver mais para nós mesmos», declarou.
Por isso, não há contradição entre as teologias de Paulo e Tiago, que afirmam que «a fé sem obras é morta». «Na realidade, enquanto Paulo se preocupa antes de tudo em demonstrar que a fé em Cristo é necessária e suficiente, Tiago põe o acento nas relações de conseqüência entre a fé e as obras», explicou.
O bispo de Roma também advertiu contra a tentação, «em muitos cristãos de hoje», de pensar que «tendo sido justificados gratuitamente em Cristo pela fé, tudo lhes é lícito». «As conseqüências de uma fé que não se encarna no amor são desastrosas, porque se recorre ao arbítrio e ao subjetivismo mais nocivo para nós e para os irmãos».
Ao contrário, afirmou o sucessor de Pedro, «devemos tomar consciência renovada do fato de que, precisamente porque fomos justificados em Cristo, não nos pertencemos mais a nós mesmos, mas nos convertemos em templo do Espírito e somos chamados, por isso, a glorificar a Deus em nosso corpo com toda a nossa existência».
«A que se reduziria uma liturgia que se dirigisse só ao Senhor e que não se convertesse, ao mesmo tempo, em serviço aos irmãos, uma fé que não se expressasse na caridade?», perguntou.
Em resumo, concluiu, «a ética cristã não nasce de um sistema de mandamentos, mas é conseqüência de nossa amizade com Cristo. Esta amizade influencia a vida: se é verdadeira, se encarna e se realiza no amor ao próximo».

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

SANTO DO DIA: São João Berchmans (jesuíta)

1599 - 1621
"João" quer dizer "O Senhor é benigno", o "O Senhor é misericordioso".
Patrono dos que servem o altar.




João Berchmans nasceu em Diest, Bélgica, no dia 13 de março de 1599. seu pai era sapateiro e curtidor de peles. Apesar das dificuldades materiais, conseguiu entrar na Companhia de Jesus e, no dia 25 de setembro, professou os votos religiosos. partiu para Roma a fim de concluir os estudos teológicos. João berchmans era uma pessoa afável e alegre, cujo maior sacrfício era, conforme ele mesmo afirmava, a vida comum, o dia-a-dia. Procurava, então, fazer as pequenas coisas do melhor modo que podia, dando o máximo de si no mínimo que podia fazer. Acometido pela tuberculose aos 22 anos de idade, morreu precocemente no dia 13 de agosto de 1621.

Oração do despojamento de si

Deus, nosso Pai, quando sentirmos que já avançamos por demais dentro da vida e os sonhos já não tiverem forças para sustentar nossos passos, dai-nos, ó Deus da vida, o entendimento de que é apenas a nossa casca que envelhece, pois o nosso espírito, ainda mais atento e desperto, inclina-se à Vida de toda vida e se volta às mais altas colinas. Quando sentirmos que após tantos giros retornamos ao ponto de partida, não pensemos a vida com amargura e tristeza, mas como quem se enche de encantamento diante da beleza da pérola nascida das tantas agonias de suas próprias entranhas. Quando sentirmos que nossos pés já avançam lentos e nosso peito, ofegante, fazei-nos acreditar que o amor é a eterna medicina muito mais poderosa que os desaventos e muito mais forte que a morte: foi acreditando no poder do amor que as virgens conceberam, e as estéreis deram à luz, e quem era julgado morto voltou à vida. Quando o vento dos tempos varrer o chão, deixando apenas o cascalho vivo de nossa existência, dai-nos o entendimento de que a lição maior é perder as cascas do egoísmo, fazer cair as palhas do orgulho, despojar-se da rama que nos esconde, e aguardar que se cumpra o tempo de novo florescimento. Quando sentirmos que a rotina do dia-a-dia nos cansa, que fazer e refazer as mesmas coisas é fardo pesado e um sonho sem lembranças, dai-nos o entendimento de que, na barriga do tempo, dia após dia cumprindo eternas rotinas, somos, em vós, senhor da vida, tantas vezes formados e quantas vezes gerados até alcançarmos no amor a plenitude da vida.

6000 jovens reúnem em Nairobi

«Partilhar a esperança»

«Partilhar a esperança» será o tema da etapa da Peregrinação de confiança que juntará mais de seis mil jovens (com idades entre os 18 e os 30 anos), entre os dias 26 e 30 de Novembro, em Nairobi.
Este encontro foi preparado desde há um ano pelos irmãos da Comunidade de Taizé com uma equipa de jovens de diversos continentes, em colaboração com os grupos de jovens das Igrejas de Nairobi.
Hoje desenrolar-se-á nas 70 paróquias e comunidades que oferecerão alojamento aos participantes. Os jovens das paróquias de acolhimento farão que os seus hóspedes descubram «locais de sofrimento e de esperança» bem como os compromissos e iniciativas que constituem «testemunhos de esperança» no seu bairro.
O encontro de Nairobi deseja contribuir para ajudar os jovens na sua procura interior e no seu desejo de assumir responsabilidades na Igreja e na sociedade.
As orações das 13:00h e das 18:00h terão lugar numa grande tenda, as refeições serão servidas aí e todas as tardes serão propostos workshops de reflexão sobre diversos temas.
Alguns irmãos de Taizé viveram no Quénia (em Mathare e Kangemi) de 1978 a 1989. O irmão Roger esteve em Nairobi entre Novembro e Dezembro de 1978 e, de novo, uma segunda vez, em 1987.

Rezemos por essa bela iniciativa!

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Living Darfur

Que caia as trincheiras em Darfur e a PAZ REINE!

Darfur: gritos de DOR



Missionário português lembra drama no Darfur
A cada instante correm notícias de dor que se repetem em muitos lugares desta região do Oeste sudanês, ao ponto de transformar o Darfur numa mancha cada vez mais suja no mapa do globo terrestre. Às acções criminosas e mortíferas da responsabilidade do governo sudanês, une-se o mundo árabe e uma boa parte do continente africano, e também a China e outros países. Personalidades influentes no norte do mundo falam cautelosas e com voz titubeante, enquanto os seus interesses políticos neutralizam e anulam o direito à justiça, à paz e à vida deste povo. No entanto, os gritos sofredores não param de se ouvir. Chegam, imediatos e directos, de todas as direcções. Vêm de Abujabra e Mujlad, zonas de petróleo ainda por explorar e já em disputa. Vêm dos lados do Egipto, atravessando o deserto líbio. Vêm da estepe e savana em Gineina, na fronteira com o Chade. Vêm das florestas de Redom, já a penetrar no sul do país. Uma extensão quase cinco vezes e meia maior que Portugal:
Porquê os Janjauids?
Porquê toda esta situação de medo, violência e incerteza? Porquê a violação de tantas mulheres e mesmo de menores? E as mortes-genocídio? E os campos de refugiados dentro e fora do país? Porquê a anarquia e caos?
O presidente sudanês, El Bachir, apertado pela iminente convocação a responder por esses crimes perante o tribunal internacional de Haia, continua a enganar os habitantes de Darfur com promessas de reconstrução das áreas destruídas e desenvolvimento da região, a todos os níveis. Mas a paz continua a ser objectivo ausente nos seus planos.
Brincar à guerra
No Sudão fala-se de paz a todo o instante. É na escola, na mesquita e na igreja. É em casa, na rua e em conversas de ocasião. Até a saudação na língua oficial do país (assalam aleikum) põe a paz como primeiro desejo para a pessoa que encontramos. Porém, é uma palavra que, não poucas vezes, ouço com certa renitência.
Como se pode dar à paz o seu valor absoluto e sagrado quando se vêem os garotos na rua a brincar à guerra com espingardas do tamanho da kalashnikof dos soldados com quem eles convivem diariamente?
Em Kalma, não longe de uma das entradas deste que é o maior acampamento do Darfur, um homem fixa, o olhar perdido e ausente, o horizonte sujo, adivinhando a tempestade de areia que se aproxima.
- “Assalam aleikum”!
- “Seja assalam, a paz, ao menos para ti, estrangeiro”.
- “Habitava nas redondezas de Bulbul. Atacaram e incendiaram a aldeia. A minha mulher, como tantas outras, foi levada pelos Janjauids. Eu e os meus três filhos, com outros – alguns deles feridos graves – fomos evacuados da aldeia. Depois de quatro meses aqui em Kalma e as queimaduras no meu corpo já curadas, pensava agora na possibilidade de um trabalho. Já tinha começado a trabalhar na camina – uma fábrica improvisada e rudimentar de tijolos – aqui mesmo a quatro quilómetros. Mas, desde há duas semanas, quando aconteceu o grande ataque a este acampamento, ninguém pôde sair. O meu próprio filho foi uma das setenta pessoas que morreram nessa grande batalha. Diz-me lá, estrangeiro, que fazer? Para onde fugir e construir vida?”
Kalma, o maior campo de refugiados internos no Darfur, abriga cerca de cem mil pessoas que, como Al Taher, foram violentamente desprovidas de habitação, haveres e, em muitos casos, também de alguns queridos familiares. Desde as primeiras razias, em Março de 2003, são mais de 2 milhões e meio os irmãos de infortúnio de Al Taher, sobreviventes nos campos espalhados por toda a zona. Mas, na sua infelicidade, conheceram uma palavra nova que não mais irão esquecer. Pronunciam-na com gratidão: munazzama, organização humanitária (ONG).
Louvores e reparos
No Darfur há sinais de humanidade, visíveis no desejo e compromisso em restabelecer a justiça e a paz, usurpada pelas mãos sanguinárias dos Janjauids. Há gestos heróicos a querer restituir ao ser humano a humanidade que é de seu direito.
É de louvar o esforço dos soldados da paz (UNAMID), apesar da promessa não cumprida: os 9000 homens no terreno são um terço do plano e promessa original da ONU. Outra falta que não podemos calar: os capacetes azuis não têm o mandato de desarmamento, que é a base do caminho para a justiça e a paz. Então assiste-se ao desfilar dos mortos, dos desalojados, das mães e filhas violentadas na sua intimidade feminina.
Às agências e forças da ONU, associam-se as organizações humanitárias (ONG) com os seus mais variados serviços como a saúde, a alimentação, higiene, formando um conjunto de cores, raças e credos diferentes de quase 25 mil pessoas.
Mas não estão sós. Liderados pelos dois nomes conhecidos por todos aqui na zona – Khalil e Abduluahed – encontram-se as forças “rebeldes”, hoje divididos em quase duas dezenas de subgrupos. Embora com boas intenções de fazer restituir a justiça e a paz ao seu povo darfuriano não deixam, por vezes, de copiar os erros dos inimigos Janjauids, colaborando na cumplicidade da morte de mais de 300 mil darfurianos.
A corrupção pratica-se à luz do dia, descarada e naturalmente, em remotas aldeias como em plena cidade. Janjauids e rebeldes e ainda os anónimos de uma anarquia caótica, assaltam, de arma em punho, os veículos das ONG. Estas, constrangidas a guardar os seus veículos na garagem, deslocam-se em meios de transporte público cuja eficiência, para os serviços requeridos, deixa muitíssimo a desejar. Outras vezes, viajam em automóveis locais, de forma a não atrair o olho furtivo dos assaltantes. Não obstante tudo, não há estratégia que lhes garanta a segurança nas zonas do interior. Há poucos dias tocou ao keniano Eugene, um dos motoristas da Cruz Vermelha, numa missão-safari a Jebal Marra. “Senti o gatilho atrás da cabeça a querer disparar; se quis viver, tive que ceder-lhes as chaves do carro” – conta o jovem condutor, ainda não completamente restabelecido do choque.
Das trincheiras à paz?
Desde a proclamação da sua independência, em 1956, o Sudão não se tem libertado das suas guerras internas. Muita gente acreditou que Al Bachir, ao tomar posse do governo, em 1989, através de um golpe militar relativamente pacífico, seria o homem de luta pela paz e bem-estar duradoiros para o Sudão. Conversando com os jornalistas, afirmou: “Eu venho das trincheiras e a minha cor é esta da farda que trago vestida, verde”.
Até hoje, Al Bachir não demonstrou vontade de aplanar o terreno para que a paz fosse possível. Ao contrário, escavou mais trincheiras e não abdicou da cor verde no seu verdadeiro sentido: a máxima autoridade na guerra.
A violência gera violência e a guerra não oferece a paz ao mundo. O povo do Darfur sofre violência e morte, mas não perde a esperança. Do fundo da trincheira, a cor verde militar será repisada e esmagada, numa luta (interior) que é a verdadeira Jihad, aquela abençoada por Deus. Acreditamos na conversão das cores e, muito mais ainda, dos corações. Até que o verde beligerante dará lugar à esperança que, por sua vez, trará à luz a realidade da pomba branca da paz, que voará até ao Darfur.

Feliz da Costa Martins, Nyala

Primeira beatificação no Japão reúne 30 mil pessoas

Entre estes, novos mártires, temos JESUÍTAS
Cerca de 30 mil pessoas marcaram presença esta segunda-feira, 24, na cerimônia de beatificação de 188 mártires japoneses do século XVII, que aconteceu no Big-N Baseball Stadium de Nagasaki, Japão.A Santa Missa, na qual foram beatificados Peter Kibe e 187 companheiros mártires, assassinados entre 1603 e 1639, foi presidida pelo Cardeal Seiichi Peter Shirayanagi, Arcebispo emérito de Tóquio, que falou deste momento como "um evento da graça".Em 1603, com o governo de Tokugawa, começou uma forte perseguição contra os cristãos (então chegavam a cerca de 400 mil em todo o Japão), que custou a vida de milhares deles. Os mártires hoje beatificados pertencem a esta época: entre eles estavam 4 sacerdotes e 184 leigos, mulheres, crianças, samurais, servos e inclusive pessoas deficientes.A cerimônia, primeira desse tipo que se celebra em solo japonês, contou com a presença do Cardeal português D. José Saraiva Martins, prefeito emérito da Congregação para as Causas dos Santos e enviado do Papa para a ocasião.Pouco antes da cerimônia de hoje, o Cardeal Saraiva Martins deslocou-se ao monumento da bomba atômica em Nagasaki, onde depôs uma coroa de flores. "Quero convidar cada um de vós a manter o coração e o espírito aberto, de maneira a contribuir para a paz, seja a que nível for", declarou

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Santo André e Companheiros

Neste dia comemoramos a santidade dos 117 Máritires Vietnamitas que testemunharam seu amor a Cristo, tanto na vida como na morte. O Papa João Paulo II canonizou na verdade alguns, dos muitos ousados na fé, que se encontram entre o período de 1830 até 1870.O Vietnã conheceu a Boa-nova de Jesus Cristo no século XVI, e o acolheu em sua integridade: "Então, entregar-vos-ão à aflição, matar-vos-ão, sereis odiados por todos os pagãos por causa do meu nome...mas quem perseverar até o fim, este será salvo". (Mt 24)Santo André Dung Lac, era de família pobre, reconheceu a riqueza do Dom Sacerdotal e foi ordenado Padre em 1823; em meio as perseguições desejava ardentemente testemunhar Jesus Cristo com o mártirio, pois dizia que "aqueles que morrem pela fé sobem ao céu ". A Igreja Vietnmita também glorifica a Deus pelos testemunhos dos Bispos, Sacerdotes, leigos e dentre estes,é pais e mães de família que mostraram a universalidade do chamado à Santidade com o próprio sangue.

O Reino de Deus «cumpre todo o bem» do homem e da história

O Papa explicou hoje aos fiéis reunidos na Praça de São Pedro para a oração do Ângelus neste domingo passado, que o Reino de Deus «não é deste mundo, mas leva a cabo todo o bem que, graças a Deus, existe no homem e na história».
«Se colocarmos em prática o amor ao nosso próximo, segundo a mensagem evangélica, então daremos espaço ao senhorio de Deus, e o seu Reino se realizará no meio de nós. Se, no entanto, cada um pensar somente nos seus próprios interesses, o mundo não poderá não ir à ruína», afirmou.
O Papa explicou que Jesus «rejeitou o título de rei quando este se entendia em sentido político», e no entanto, «durante sua paixão, reivindicou uma realeza singular: ‘Meu reino não é deste mundo’».
«O Pai confiou ao Filho a missão de dar aos homens a vida eterna amando-os até o sacrifício supremo, e ao mesmo tempo lhe conferiu o poder de julgá-los, desde o momento em que se tornou Filho do Homem, semelhante a nós em tudo, menos no pecado.»
Com relação às imagens do evangelho de hoje, sobre o juízo final, o pontífice explicou que a mensagem que ele transmite «é extremamente importante: é a verdade sobre o nosso destino último e sobre o critério com que seremos julgados».
Esta conhecida página «faz parte da nossa civilização. Marcou a história dos povos de cultura cristã: a hierarquia de valores, as instituições, as múltiplas obras benéficas e sociais».
Neste sentido, acrescentou, «o Reino de Deus não é uma questão de honras ou de aparências», e por isso Deus « não suporta essas formas hipócritas de quem diz: ‘Senhor, Senhor’ e depois descuida seus mandamentos».
«O Senhor se importa com o nosso bem, isto é, que todo homem tenha a vida, que especialmente os seus filhos ‘pequenos’ possam participar do banquete que Ele preparou para todos», concluiu.

domingo, 23 de novembro de 2008

BEATO AGOSTINHO PRÓ




O Mártir do México



Miguel Agostinho Pró Juárez, mexicano, nasceu em Guadalupe em 1891. Filho de família piedosa, ingressou na Companhia em 1911, em período de conflitos políticos e movimentos contra a Igreja. A feroz perseguição do governo mexicano desterrou-o junto com todo o Noviciado, os jesuítas foram expulsos do país. Teve sua formação feita no exílio. Viveu nos EUA, Espanha, Nicarágua e Bélgica. Distinguia-se entre seus irmãos por sua alegria e animação constantes, sua simplicidade, o contato com os operários e seus freqüentes problemas de saúde. Ordenado depois da sua cura milagrosa em Lourdes, retornou ao México em 1926. Disfarçado, corajoso, incansável, perseguido por toda a polícia do México, realizou seu apostolado em meio à proibição do culto religioso e sob perseguição cerrada. Aprisionado sob falsas acusações, foi fuzilado com seus irmãos sob os gritos de «Viva Cristo Rei». Foi beatificado em Roma, por João Paulo II, em 1988.



“A cruz é, para nós, amor, amor ardente, amor constante, loucura de amor"

sábado, 22 de novembro de 2008

Evangelho Dominical

REFLEXÃO DO EVANGELHO DOMINICAL

Pe. Cantalamessa, OFM
Mateus 25, 31-46
«Todas as nações se reunirão diante dele»

O Evangelho do último domingo do ano litúrgico, solenidade de Cristo Rei, nos faz assistir ao ato conclusivo da história humana: o juízo universal: «Quando o Filho do Homem voltar na sua glória e todos os anjos com ele, sentar-se-á no seu trono glorioso. Todas as nações se reunirão diante dele e ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. Colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda».
A primeira mensagem contida neste evangelho não é a forma ou o resultado do juízo, mas o fato de que haverá um juízo, que o mundo não vem do acaso e não acabará por acaso. Começou com uma palavra: «Faça-se a luz... Façamos o homem» e terminará com uma palavra: «Vinde, benditos... Afastai-vos de mim, malditos». Em seu princípio e em seu final está a decisão de uma mente inteligente e de uma vontade soberana.
Este começo de milênio se caracteriza por uma intensa discussão sobre criacionismo e evolucionismo. Reduzida ao essencial, a disputa opõe quem, aludindo – nem sempre com razão – a Darwin, crê que o mundo é fruto de uma evolução cega, dominada pela seleção das espécies, e aqueles que, ainda admitindo uma evolução, vêem a obra de Deus no mesmo processo evolutivo.
Há alguns dias, aconteceu no Vaticano uma sessão plenária da Academia Pontifícia das Ciências, com o tema «Olhares científicos em torno da evolução do universo e da vida», com a participação dos mais importantes cientistas do mundo inteiro, crentes e não-crentes, muitos deles prêmios Nobel. No programa sobre o evangelho que apresento em RaiUno, entrevistei um dos cientistas presentes, o professor Francis Collins, chefe do grupo de pesquisa que levou ao descobrimento do genoma humano. Perguntei-lhe: «Se a evolução é certa, ainda resta espaço para Deus?». Eis aqui sua resposta:
«Darwin tinha razão em formular sua teoria segundo a qual descendemos de um antepassado comum e houve mudanças graduais no transcurso de longos períodos, mas este é o aspecto mecânico de como a vida chegou ao ponto de formar este fantástico panorama de diversidade. Não responde à pergunta sobre por que existe a vida. Há aspectos da humanidade que não são facilmente explicáveis, como nosso senso moral, o conhecimento do bem e do mal, que às vezes nos induz a realizar sacrifícios que não estão ditados pelas leis da evolução, que nos sugerem preservar-nos a toda custa. Esta não é talvez uma prova que nos indica que Deus existe?»
Perguntei também ao professor Collins se antes ele havia acreditado em Deus ou em Jesus Cristo. Respondeu-me: «Até os 25 anos fui ateu, não tinha uma preparação religiosa, era um cientista que reduzia quase tudo a equações e leis da física. Mas como médico, comecei a observar as pessoas que tinham de enfrentar o problema da vida e da morte, e isso me fez pensar que meu ateísmo não era uma idéia enraizada. Comecei a ler textos sobre as argumentações racionais da fé que não conhecia. Em primeiro lugar, cheguei à convicção de que deve existir um Deus que criou tudo isso, mas não sabia como era este Deus. Isso me moveu a levar a cabo uma busca para descobrir qual era a natureza de Deus, e a encontrei na Bíblia e na pessoa de Jesus. Após dois anos de busca, me dei conta de que não era inteligente opor resistência e me converti em um seguidor de Jesus».
Um grande autor do evolucionismo ateu de nossos dias é o inglês Richard Dawkins, autor do livro «God Delusion», A desilusão de Deus. Ele está promovendo uma campanha publicitária que propõe colocar nos ônibus das cidades inglesas esta inscrição: «Deus provavelmente não existe: deixe de angustiar-se e curta a vida» («There's probably no God. Now stop worrying and enjoy life»). «Provavelmente»: portanto, não se exclui totalmente que possa existir! Mas se Deus não existe, o crente não perdeu quase nada; se, ao contrário, Ele existe, o não-crente perdeu tudo.
Eu me coloco no lugar do pai que tem um filho deficiente, autista ou gravemente enfermo, de um imigrante que foge da fome ou dos horrores da guerra, de um operário que ficou sem trabalho, ou de um camponês expulso de sua terra... Pergunto-me como ele reagiria a esse anúncio: «Deus não existe: deixe de angustiar-se e curta a vida».
A existência do mal e da injustiça no mundo é certamente um mistério e um escândalo, mas sem fé em um juízo final, seria infinitamente mais absurda e trágica. Em tantos milênios de vida sobre a terra, o homem se adaptou a tudo; adaptou-se a todos os climas, imunizou-se contra toda doença. Mas a uma coisa ele não se adaptou nunca: à injustiça. Continua sentindo-a como intolerável. E a esta sede de justiça responderá o juízo universal.
Este não será só querido por Deus, mas, paradoxalmente, também pelos homens, também pelos ímpios. «No dia do juízo universal, não será só o Juiz o que descerá do céu – escreveu o poeta Claudel –, mas toda a terra se precipitará ao seu encontro.»
A festa de Cristo Rei, com o evangelho do juízo final, responde a mais universal das esperanças humanas. Assegura-nos que a injustiça e o mal não terão a última palavra, e ao mesmo tempo não exorta a viver de forma que o juízo não seja para nós de condenação, mas de salvação, e possamos ser daqueles a quem Cristo dirá: «Vinde, benditos de meu Pai, entrai em posse do reino preparado para vós desde a fundação do mundo».

Padre Antônio Vieira merecia ser canonizado, diz jesuíta

Um jesuíta conferencista no congresso internacional «Padre Antônio Vieira: ver, ouvir, falar: o grande teatro do mundo», que acontece em Lisboa, afirmou que padre Vieira, apesar de ser uma personalidade polêmica, merecia ser canonizado.
Pe. Mário Garcia fez essas declarações hoje à Agencia Ecclesia, no contexto do congresso que marca o quarto centenário de nascimento do missionário português. O evento encerra amanhã.
«Pe. Antônio Vieira nasceu antes do tempo e antecipou muitas coisas tanto no campo teológico como no campo literário», disse.
«Sendo o pe. Antônio Vieira uma personalidade polêmica, visto que onde ele chegava, separava as águas (tinha sempre gente a favor e gente contra).»
O jesuíta recordou que na questão do processo de canonização, os «movimentos de base é que impõem a causa». Segundo ele, o missionário português «merecia ser canonizado».
A sua «extraordinária capacidade inventiva e imaginação» fez com que ele utilizasse a língua portuguesa com «extraordinária maleabilidade», disse o pe. Garcia, ao recordar o talento literário de Antônio Vieira.
Pe. Mário Garcia recorda que Vieira foi um «grande missionário», mas é um «pregador ocasional» porque «prega em situações que precisa de defender determinadas idéias do ponto de vista religioso e político». Um lutador convicto, mas que «vivia para o absoluto».
Apesar de Vieira ter sido um «homem de corte», pe. Mário Garcia sublinha que o ele nunca foi um «homem de poder».

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Japão: grande expectativa pela beatificação de 188 mártires

Cerca de 30 mil pessoas poderão participar, no próximo dia 24 de novembro, da cerimônia de beatificação de 188 mártires japoneses do século XVII, que acontecerá no Big-N Baseball Stadium de Nagasaki.
A Eucaristia na qual se elevarão aos altares Peter Kibe e 187 companheiros mártires, assassinados entre 1603 e 1639, será presidida pelo cardeal Seiichi Peter Shirayanagi, arcebispo emérito de Tóquio, com a presença do cardeal José Saraiva Martins, prefeito emérito da Congregação para as Causas dos Santos e enviado do Papa para a ocasião.
O Japão foi evangelizado pelo santo espanhol Francisco Javier, entre 1549 e 1552, e poucas décadas depois, a nascente Igreja conhecia uma cruel perseguição. Os primeiros mártires, encabeçados por São Paulo Miki (crucificados em Nagasaki em 1597), foram canonizados em 1862 por Pio IX, e outros 205 foram beatificados em 1867.
Em 1603, com o governo de Tokugawa, começou uma forte perseguição contra os cristãos (então chegavam a cerca de 400 mil em todo o Japão), que custou a vida de milhares deles. Os mártires que serão beatificados em 24 de novembro pertencem a esta época, e entre eles há 4 sacerdotes e 184 leigos, mulheres, crianças, samurai, servos e inclusive pessoas deficientes.
Entre eles há 52 fiéis de Kyoto, martirizados em 1622, e 53 procedentes de Yamagata, mortos em 1629, segundo informa a Conferência Nacional dos Bispos do Japão. Além dos atrozes tormentos que se aplicaram a Pedro Kibé e a outros companheiros jesuítas, um dos testemunhos mais comoventes é o de uma família inteira de Kyoto, João Hashimoto Tahyoe e sua mulher Thecla, martirizados junto com todos os seus filhos em 6 de outubro de 1619. Os católicos que sobreviveram à perseguição tiveram de ocultar-se durante 250 anos, até a chegada de missionários europeus no século XIX.
A causa destes 188 mártires foi iniciada em 1984, após a visita apostólica de João Paulo II ao país em 1981.
«Esta é uma ocasião importante para que a Igreja no Japão reflita sobre a fé dos cristãos que nos precederam há 400 anos. Precisamos desenvolver uma fé forte em Deus, colocar nossa esperança em Deus em todas as circunstâncias e viver no amor todos os dias da nossa vida», afirmam os bispos japoneses em sua mensagem aos fiéis.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

380 ANOS DOS MÁRTIRES DAS MISSÕES (1628-2008).

“Cresça, Senhor, a vossa palavra nas terras onde os vossos mártires a semearam e multiplique-se em frutos de justiça e de paz”.
Hoje é festa litúrgica dos mártires São Roque González, Santo Afonso Rodrigues e São João de Castillo (os Mártires das Missões), presbíteros e padroeiros da Província do Brasil Meridional e da Cúria Provincial BRM.
Para recordar Os Santos Mártires Roque, Afonso e João foram os primeiros evangelizadores nas terras do Sul do Brasil. Estes três sacerdotes exerceram o seu trabalho missionário junto aos índios Guaranis, no noroeste do Rio Grande do Sul. P. Roque Gonzales era filho de uma família de alta posição social de Assunção, Paraguai. Os padres Afonso Rodrigues e João de Castilho vieram como missionários da Espanha.
Depois de fundar numerosas comunidades cristãs, chamadas Reduções, entre os índios no Paraguai e região missioneira da Argentina, entraram em terras do atual Rio Grande do Sul, onde a 3 de maio de 1626 celebraram a primeira missa em terras gaúchas, na localidade de São Nicolau. Depois de dois anos e meio de intenso trabalho missionário, fundando cinco comunidades, ou reduções, foram mortos por um grupo de índios rebeldes à evangelização, liderados pelo cacique-pagé Nheçu. P. Roque Gonzales e P. Afonso Rodrigues foram mortos na recém fundada redução de Caaró, no dia 15 de novembro de 1628, e o P. João del Castilho dois dias mais tarde, em Assunção do Ijuí.
Um índio ainda catecúmeno que se opôs aos assassinos também foi trucidado junto aos missionários em Caaró: é Cacique Adauto, que um dia talvez poderá ter seu nome acrescentado aos destes mártires canonizados.
Em Caaró, município de Caibaté, se encontra o principal Santuário de veneração dos Santos Mártires, visitado permanentemente por caravanas de romeiros. Ali se realiza cada ano uma grande romaria, no 3º domingo de novembro.
Aos 28 de janeiro de 1934 o Papa Pio XI beatificou os Missionários Mártires, e aos 16 de maio de 1988, em visita ao Paraguai, em Assunção, o Papa João Paulo II os canonizou, isto é, declarou-os Santos!

Portugal: congresso recorda padre Antônio Vieira

«Padre Antônio Vieira: ver, ouvir, falar: o grande teatro do mundo» é o tema do congresso internacional que decorre na Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa e na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, de hoje a sexta-feira.
Na abertura do evento, na manhã de hoje, o reitor da Universidade Católica Portuguesa, Braga da Cruz, afirmou que o Estado português devia se desculpar pelas perseguições realizadas no passado contra os jesuítas e outras ordens.
«Seria justo se na celebração do centenário da República que se aproxima [2010], o Estado pedisse desculpa aos jesuítas e outras ordens, não num gesto de reconciliação mas de reconhecimento pelo que têm feito pela cultura portuguesa», disse, segundo informa Lusa.
De acordo com o reitor, esse seria um gesto «justo e cheio de significado», após os atos de perseguição e ordens de expulsão feitos no passado contra os jesuítas.
O congresso em Lisboa é uma das iniciativas da celebração do IV centenário do nascimento de padre Vieira, jesuíta, considerado um dos grandes nomes da literatura em língua portuguesa.

Família? Sim, obrigado



Nos dias 28 e 29 de novembro será realizado o Congresso Internacional da Família, que pelo terceiro ano consecutivo terá lugar em Roma.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

O Natal já se anuncia! Preparemos o Natal!

O comércio já começa a se agitar na preparação para as vendas do Natal. Luzes se acendem nas fachadas dos prédios, papai Noel em mil jeitos já convidam o povo a entrar nas lojas, as árvores de nossos jardins são transformadas em árvores de natal, os meios de comunicação tudo fazem para que não nos esqueçamos das festas que seaproximam. É preciso vender, vender, vender. Para isso é reciso incentivar, quando não despertar as pessoas a importância de consumir. Em contraponto aos apelos comerciais que impregnam a vida social, a Igreja tem seu apelo. Ela quer corações e portas abertas para acolher o Deus que veio, vem e virá sempre ao encontro da humanidade no Natal. No tempo do Advento que se aproxima a Igreja coloca na boca de todos nós o clamor que um dia foi do povo de Israel: “Vem, Senhor, vem nos salvar. Com teu povo, vem caminhar”. E a Igreja nos convida a nos reunir em grupos de família para, durante nove dias, meditar no significado da primeira vinda do Cristo, na vinda que acontece a cada instante, na vinda do Natal, na vinda no final dos tempos. Nunca é demais lembrar que será preciso devolver o Natal a Jesus Cristo. Que ele não seja escondido por símbolos que acabam esvaziando o sentido do Natal em vez de esclarecer o seu profundo significado de encontro pessoal de Cristo. Ao Deus que vem ao nosso encontro é preciso responder com o gesto de sair ao encontro dele no nível pessoal, familiar, comunitário e social. Quando toda a igreja está empenhada no convite a uma profunda e transformadora experiência de Cristo, o Advento que aí está se torna tempo privilegiado para este reforçar este convite. É tempo, portanto, de arrumar a casa para acolher o Cristo que chega trazendo amor, esperança, vida em plenitude. É tempo de focar nossa atenção nesta vinda anunciada e garantida. É tempo de rever nosso relacionamento pessoal com Deus. É tempo de, muito mais do que acender luzes dentro e fora de casa, acender luzes no coração, dissipando as trevas do fechamento interior para Deus e o próximo, da frieza e indiferença para o sagrado, do apego exagerado ao chão e do medo de alçar vôo para lá dos horizontes desta vida. A novena de Natal já está chegando às comunidades e paróquias. O Advento do Senhor já se anuncia. Ergamos nossa voz para gritar: Vem, Senhor Jesus!

sábado, 15 de novembro de 2008

Em busca de PLENITUDE! ( VISITAS ÀS 7 IGREJAS )

Numa noite inspirada pela presença de Deus em nossas vidas, éramos 105 peregrinos percorrendo 20 km de Fortaleza/ Mondubim até a cidade de Maranguape/ Matriz.
Visitamos às 7 Igrejas, ouvimos 7 capítulos das Cartas Paulinas, por 7 vezes cantamos o TOMAIS SENHOR como oferecimento de nossas vidas e suplicamos 7 graças para que sejamos mais íntegros.
Tudo transcorreu com êxito total e com o auxílio dos Párocos e das lideranças das comunidades que abriram as Igrejas, ofereceram lanches, águas etc permitiram um clima de harmonia, alegria, espiritualidade e amizade.
Caminhar é bom em todos os aspecto e caminhar com uma proposta – EM BUSCA DE PLENITUDE é MELHOR, pois - formamos um grupo de pessoas que quer experimentar um Deus que se faz presente na estrada e nas vidas, isso é MARAVILHOSO.


AMDG

Evangelho Dominical

O cultivo dos talentos espirituais

Pe. Raniero Cantalamessa
A parábola dos talentos

O evangelho deste domingo é a parábola dos talentos. Infelizmente, no passado, o significado desta parábola foi habitualmente confundido, ou pelo menos muito reduzido. Quando escutamos falar dos talentos, pensamos imediatamente nos dons naturais de inteligência, beleza, força, capacidades artísticas. A metáfora é usada para falar de atores, cantores, comediantes... O uso não é totalmente equivocado, mas sim secundário. Jesus não pretendia falar da obrigação de desenvolver os dons naturais de cada um, mas de fazer frutificar os dons espirituais recebidos dele. A desenvolver os dotes naturais já nos impulsiona a natureza, a ambição, a sede de lucro. Às vezes, ao contrário, é necessário frear esta tendência de fazer valer os próprios talentos, porque pode converter-se facilmente em afã por fazer carreira e por impor-se sobre os demais.
Os talentos dos quais Jesus fala são a Palavra de Deus, a fé, ou seja, o Reino que Ele anunciou. Neste sentido, a parábola dos talentos se conecta com a do semeador. À sorte diferente da semente que ele lançou – que em alguns casos produz sessenta por cento; em outras, ao contrário, fica entre os espinhos, ou são comidas pelos pássaros do céu –, corresponde aqui o diferente lucro realizado com os talentos.
Os talentos são, para nós, cristãos de hoje, a fé e os sacramentos que recebemos. A palavra nos obriga a fazer um exame de consciência: que uso estamos fazendo destes talentos? Nós nos parecemos com o servo que os faz frutificar ou com o que os enterra? Para muitos, o próprio batismo é verdadeiramente um talento enterrado. Eu o comparo a um presente que se recebeu de Natal e que foi esquecido num lugar, sem nunca tê-lo aberto ou jogado fora.
Os frutos dos talentos naturais acabam conosco ou, quando muito, passam aos herdeiros; os frutos dos talentos espirituais nos seguem à vida eterna e um dia nos valerão a aprovação do Juiz divino: «Muito bem, servo bom e fiel! Foste fiel no pouco, e por isso eu te darei autoridade sobre o muito: toma parte no gozo de teu senhor».
Nosso dever humano e cristão não é só desenvolver nossos talentos naturais e espirituais, mas também de ajudar os demais a desenvolverem os seus. No mundo moderno existe uma profissão que se chama, em inglês, talent-scout, descobridor de talentos. São pessoas que sabem encontrar talentos ocultos – de pintor, cantor, ator, jogador de futebol – e os ajudam a cultivar seu talento e a encontrar um patrocinador. Não o fazem de graça, naturalmente, nem por hobby, mas para ter uma porcentagem em seus lucros, uma vez que se afirmaram.
O Evangelho nos convida a ser talent-scout, «descobridores de talentos», mas não por amor ao lucro, e sim para ajudar quem não tem a possibilidade de afirmar-se sozinho. A humanidade deve alguns de seus melhores gênios ou artistas ao altruísmo de uma pessoa amiga que acreditou neles e os animou, quando ninguém acreditava neles. Um caso exemplar que me vem à mente é o de Theo Van Gogh, que sustentou toda a vida, econômica e moralmente, do seu irmão Vincent, quando ninguém acreditava nele e não conseguia vender nenhum de seus quadros. Eles trocaram mais de seiscentas cartas, que são um documento de altíssima humanidade e espiritualidade. Sem ele não teríamos hoje esses quadros que todos amamos e admiramos.
A primeira leitura do domingo nos convida a deter-nos em um talento em particular, que é ao mesmo tempo natural e espiritual: o talento da feminilidade, o talento de ser mulher. Contém, de fato, o conhecido elogio da mulher que começa com as palavras: «Uma mulher completa, quem a encontrará?». Este elogio, tão belo, tem um defeito, que não depende obviamente da Bíblia, mas da época na qual foi escrito e da cultura que reflete. Se prestarmos atenção, descobriremos que este talento está inteiramente em função do homem. Sua conclusão é: bendito o homem que tem uma mulher assim. Ela lhe tece maravilhosas vestes, honra a sua casa, permite-lhe caminhar com a cabeça levantada entre seus amigos. Não creio que as mulheres de hoje gostem deste elogio.
Deixando de lado este limite, quero sublinhar a atualidade deste elogio da mulher. Desde todas os lugares surge a exigência de dar mais espaço à mulher, de valorizar o gênio feminino. Nós não cremos que «o eterno feminino nos salvará». A experiência cotidiana mostra que a mulher pode «elevar-nos ao alto, mas também pode precipitar-nos para baixo. Também ela precisa ser salva por Cristo. Mas é certo que, uma vez redimida por Ele e «libertada», no campo humano, das antigas sujeições, ela pode contribuir para salvar nossa sociedade de alguns males crônicos que a ameaçam: violência, vontade de poder, aridez espiritual, desprezo pela vida...
Depois de tantas épocas que adotaram o nome do homem – a era do homo erectus, homo faber, até o homo sapiens, de hoje –, deve-se augurar que se abra finalmente, para a humanidade inteira, uma era da mulher: uma era do coração, da ternura, da compaixão. Foi o culto a Nossa Senhora que inspirou, nos séculos passados, o respeito pela mulher e sua idealização em boa parte da literatura e da arte. Também a mulher de hoje pode ser olhada como modelo, amiga e aliada na hora de defender sua própria dignidade e o talento de ser mulher.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

São José Pignatelli

Nasceu em Saragoça, Espanha, em 1737, numa família nobre. Entrou no noviciado da Companhia de Jesus em 1753, com 16 anos e depois de terminados os estudos foi ordenado sacerdote em 1762.Em 1767, a exemplo de Portugal com o Marquês de Pombal, também Carlos III expulsou os jesuítas de Espanha. José Pignatelli tornou-se, então, o provincial de cerca de 600 jesuítas a bordo de 13 navios que desembarcaram na Córsega. Depois de uma viagem a pé de mais de 450 quilómetros, foram acolhidos em Ferrara.Por essa altura, os Bourbons, uma família que dominava várias casas reais europeias, pressionavam o papa Clemente XIII para que suprimisse a Companhia de Jesus mas, enquanto este resistiu, o papa Clemente XIV, seu sucessor, acabou por a suprimir em 1773. Apesar de ter deixado de ser jesuíta, assim como todos que nessa altura eram membros da Companhia de Jesus, José Pignatelli continuava a viver como jesuíta em Bolonha.Entretanto, na Rússia a Companhia “sobreviveu” pois a Czarina Catarina II da Rússia não emitiu a bula papal de supressão da Companhia nos territórios sob o seu domínio. Quando José Pignatelli soube disto pediu autorização ao papa Pio XI para se juntar à província russa da Companhia de Jesus. Nesta altura, também Fernando, duque de Parma, entrou em negociações com a Rússia e em 1793, três jesuítas, entre os quais José Pignatelli, abriram uma casa da Companhia no seu ducado. Em 1797, já com 60 anos, fez novamente os votos na Companhia de Jesus.A partir daqui, José Pignatelli trabalhou incansavelmente para restaurar a Companhia, com a esperança de a ver restaurada em todo o mundo. Foi mestre de noviços, provincial de Itália e ainda foi expulso de Nápoles por José Bonaparte, tendo que fugir para Roma.Depois de 40 anos de exílio e com a saúde já muito debilitada, José Pignatelli acabou por morrer, em 1811, sem ver a restauração da Companhia em todo o mundo, que aconteceu em 1814 decretada pelo papa Pio VII.A questão não está em acabar com os problemas e com as dificuldades que possa ter a vida, nem nós o conseguimos, nem Deus vem fazer isso, trata-se de saber para onde se vai, o que se quer, onde está realmente o centro da nossa vida, e, por saber que é aí que se irá encontrar Vida, comprometemo-nos em ir lá chegando, independentemente se isso custa ou não, se é fácil ou difícil. E é aqui que está Deus, a fazer caminho também. S. José Pignatelli, com a sua vida, é exemplo disto.
Por Duarte Rosado, SJ

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Papa está muito bem informado sobre o Brasil, diz Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se disse surpreso com o nível de informação que Bento XVI tem do Brasil. Lula foi recebido hoje pelo Papa no Vaticano.
«Eu fui surpreendido, porque ele está muito bem informado sobre o Brasil», disse o presidente, segundo informa Agência Brasil, do governo do país.
De acordo com Lula, o Papa tinha informações sobre programas do governo para levar luz às famílias, iniciativas de combate à pobreza e também sabia das políticas do Brasil com a África.
Lula afirmou que «o Brasil sempre trabalhou e sempre trabalhará para que a gente tenha uma boa relação com todos os papas e com o Estado do Vaticano, até porque a relação da Igreja com o Brasil é indissociável».
O presidente afirmou ainda que conversou com o pontífice sobre a atual crise econômica. «Eu pedi ao Papa que nos seus pronunciamentos ele fale da crise econômica». Segundo Lula, os conselhos do Papa poderiam ajudar a solucionar os problemas.
O encontro reservado de Lula com o Bento XVI durou 24 minutos e ocorreu na biblioteca do Papa. Após o encontro privado, o pontífice recebeu o restante da delegação brasileira, formada pela primeira-dama, Marisa Letícia, e por ministros de Estado.
Lula presenteou ao Papa uma escultura de barro do artesanato de Pernambuco. A escultura representa uma família de retirantes nordestinos. Já o pontífice deu a Lula uma caneta. As mulheres foram presenteadas com rosários e os homens receberam medalhas do pontificado.

Acordo entre Brasil e Santa Sé


Por ocasião da visita do presidente Lula, foi assinado o Acordo entre a Santa Sé e o Brasil sobre o status jurídico da Igreja Católica no país.
Por ocasião da visita do presidente Lula, foi assinado o Acordo entre a Santa Sé e o Brasil sobre o status jurídico da Igreja Católica no país. O acordo atribui personalidade jurídica à Igreja e garante a plena realização de sua missão apostólica e pastoral. Sacerdotes e todos os agentes pastorais poderão ter a liberdade de entrar nas estruturas de saúde, nas estruturas penitenciárias, escolares e em todos os locais onde a Igreja pode levar a sua mensagem espiritual. O acordo contempla todos os temas que se referem à evangelização, à missão da Igreja, em relação à sociedade e em relação ao Estado. No Acordo há uma referência aos missionários: prevê-se que o bispo possa garantir a entrada deles. Além disso, fica regulamentado o ensino da religião católica nas escolas.

Bento XVI recebe o presidente brasileiro Lula, pela primeira vez no Vaticano


Bento XVI recebeu na manhã de hoje o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva. O encontro entre o Papa e o chefe de Estado do Brasil foi um evento histórico, como sublinhou o Núncio Apostólico no Brasil, pois se tratou da primeira visita Lula ao Santo Padre. Durante o colóquio foi expressa satisfação e apreço pelas boas relações entre os dois países.
No país, neste momento, há uma situação de estabilidade não somente política mas também econômica e financeira. E há confiança pelo bem-estar que está crescendo. Na ocasião foi assinado um acordo entre os dois estados que substitui o de 118 anos atrás.

Santo Estanislau´- Padroeiro dos Noviços Jesuítas

"Eu nasci para coisas eternas...
O santo, que lembramos com muito carinho neste dia, nasceu na nobre e poderosa família dos Kostka, a qual possuía uma sólida vida de piedade familiar. Nesse ambiente é que Estanislau cresceu na amizade e intimidade com Cristo. Quando tinha 14 anos foi estudar em Viena, juntamente com o irmão Paulo. Devido a uma ordem do Imperador Maximiliano I, o internato jesuíta onde estudavam foi fechado, sobrando como refúgio o castelo de um príncipe luterano, que com Paulo, promoveu o calvário doméstico de Estanislau. Em resposta às agressões do irmão, que também eram físicas, e as tentações da corte, o santo e penitente menino permanecia firme em seus propósitos cristãos: "Eu nasci para coisas eternas e não para as coisas do mundo". Diante da pressão sofrida, a saúde de Estanislau cedeu, e ao pedir que providenciassem um sacerdote para que pudesse comungar o Corpo de Cristo, recebeu a negativa dos homens, mas não a de Deus. Santa Bárbara apareceu-lhe, na companhia de anjos, portando Jesus Eucarístico e, em seguida, trazendo-lhe a saúde física, surgiu a Virgem Maria com o Menino Jesus.Depois desse fato o jovem discerniu sua vocação à vida religiosa como jesuíta, por isso enfrentou familiares e, ousadamente, fugiu, sozinho, a pé, e foi parar na Companhia de Jesus, acolhido pelo provincial que o ouviu e se encantou com sua história. Com somente 18 anos de idade, viveu apenas 9 meses no noviciado, porque adquiriu uma misteriosa febre e antes de morrer os sacerdotes ouviram do seus lábios sorridentes dizerem: "Maria veio buscar-me, acompanhada de virgens para me levar consigo".
São Estanislau, rogai por nós e por todos os noviços!

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Em busca de PLENITUDE

Numa noite de peregrinação vamos percorrer 20 km EM BUSCA DE PLENITUDE. Serão 7 Igrejas visitadas (veja nas fotos das Igrejas que serão visitadas), em cada Igreja ouviremos a PALAVRA DE DEUS, nos oferecemos através do TOMAI SENHOR... e pediremos 7 graças ao Senhor para que a nossa vida seja mais plena. Rezem por nós!


segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Ser coroinha é cultivar ideias cristãos, diz bispo

Dom Sinésio Bohn recorda figura do beato Adílio

O bispo de Santa Cruz do Sul (Brasil), Dom Aloísio Sinésio Bohn, manifestou seu apreço pelo apostolado dos coroinhas e disse que tal tarefa permite cultivar os ideais cristãos.
«Enquanto as crianças e adolescentes estão expostos a muitos venenos, os coroinhas aprendem a viver e a conviver em paz e harmonia, num espaço de alegria, de tolerância e de fé», afirma o bispo, em artigo divulgado nessa sexta-feira.
O bispo diz também que «os encontros de coroinhas, graças a assessores e assessoras dedicados, evitam o perigo da droga, da violência e do ódio».
«Proporciona-se um ambiente de liberdade, do cultivo de ideais cristãos, da superação de conflitos no lar, da arte de bem viver na amizade e no serviço a Deus e ao próximo.»
Dom Sinésio recordou a figura do coroinha Adílio, beatificado há um ano, em Frederico Westphalen, pelo cardeal Saraiva Martins. O coroinha Adílio foi mártir, assassinado por ódio à religião ao lado de padre Manuel, em uma emboscada no Alto Uruguai (sul do Brasil).
Segundo o bispo, na Diocese de Santa Cruz do Sul há 2 mil coroinhas. «São bem organizados, tem seu Manual Diocesano, o CD interativo, assessores e realizam a cada dois anos o Encontro Diocesano de Coroinhas».
«Ao lado de outras belas iniciativas, como a Infância Missionária, os grupos de preparação à Eucaristia e à Crisma, os Coroinhas são uma promessa de uma nova juventude, irradiando esperança e solidariedade», afirma o bispo.

sábado, 8 de novembro de 2008

Evangelho Dominical

Meditação por ocasião da Dedicação da Basílica de São João de Latrão

É necessário uma igreja para ser cristão?
João 2, 13-22
Pe. Cantalamessa, OFM


Esta é a casa de Deus!
Este ano, no lugar do XXXII domingo do Tempo Comum, celebra-se a festa da dedicação da igreja-mãe de Roma, a Basílica de São João de Latrão, dedicada em um primeiro momento ao Salvador e depois a São João Batista. Que representa para a liturgia e para a espiritualidade cristã a dedicação de uma igreja e a própria existência da igreja, entendida como lugar de culto? Temos que começar com as palavras do Evangelho: «Mas chega a hora (já estamos nela) em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque assim quer o Pai que sejam os que o adoram».
Jesus ensina que o templo de Deus é, em primeiro lugar, o coração do homem que acolheu sua palavra. Falando de si e do Pai, diz: «viremos a ele, e faremos morada nele» (João 14, 23). E Paulo escreve aos cristãos: «Não sabeis que sois santuário de Deus?» (1 Coríntios 3, 16). Portanto, o crente é templo novo de Deus. Mas o lugar da presença de Deus e de Cristo também se encontra «onde estão dois ou três reunidos em meu nome» (Mateus 18, 20). O Concílio Vaticano II chama a família de «igreja doméstica» (Lumen Gentium, 11), ou seja, um pequeno templo de Deus, precisamente porque, graças ao sacramento do matrimônio, é, por excelência, o lugar no qual «dois ou três» estão reunidos em seu nome.
Por que, então, os cristãos dão tanta importância à igreja, se cada um de nós pode adorar o Pai em espírito e verdade em seu próprio coração ou em sua própria casa? Por que é obrigatório ir à igreja todos os domingos? A resposta é que Jesus não nos salva separadamente; veio para formar um povo, uma comunidade de pessoas, em comunhão com Ele e entre si.
O que é a casa para uma família, é a igreja para a família de Deus. Não há família sem uma casa. Um dos filmes do neo-realismo italiano que ainda recordo é «O teto» («Il tetto»), escrito por Cesare Zavattini e dirigido por Vittorio De Sica. Dois jovens, pobres e enamorados, se casam, mas não têm uma casa. Nos arredores de Roma, após a 2ª Guerra Mundial, inventam um sistema para construir uma, lutando contra o tempo e a lei (se a construção não chega até o teto, à noite será demolida). Quando no final terminam o teto, estão certos de que têm uma casa e uma intimidade própria e se abraçam felizes; são uma família.
Vi esta história se repetir em muitos bairros de cidade, em povoados e aldeias, que não tinham uma igreja própria e tiveram de construir-se uma por sua conta. A solidariedade, o entusiasmo, a alegria de trabalhar juntos com o sacerdote para dar à comunidade um lugar de culto e de encontro são histórias que valeriam a pena levar às telas como no filme de De Sica...
Agora, temos que evocar também um fenômeno doloroso: o abandono em massa da participação na igreja e, portanto, na missa dominical. As estatísticas sobre a prática religiosa são para fazer chorar. Isto não quer dizer que quem não vai à igreja necessariamente perdeu a fé; não, o que acontece é que se substitui a religião instituída por Cristo pela chamada religião «a la carte». Nos Estados Unidos dizem «pick and choose», pegue e escolha. Como no supermercado. Deixando a metáfora de lado, cada um forma sua própria idéia de Deus, da oração e fica tranqüilo.
Esquece-se, deste modo, que Deus se revelou em Cristo, que Cristo pregou um Evangelho, que fundou uma ekklesia, ou seja, uma assembléia de chamados, que instituiu os sacramentos, como sinais e transmissores de sua presença e de sua salvação. Ignorar tudo isto para criar a própria imagem de Deus expõe ao subjetivismo mais radical. Neste caso, se verifica o que dizia o filósofo Feuerbach: Deus é reduzido à projeção das próprias necessidades e desejos. Já não é Deus quem cria o homem à sua imagem, mas o homem cria um deus à sua imagem. Mas é um Deus que não salva!
Certamente, uma realidade conformada só por práticas exteriores não serve de nada; Jesus se opõe a ela em todo o Evangelho. Mas não há oposição entre a religião dos sinais e dos sacramentos e a íntima, pessoal; entre o rito e o espírito. Os grandes gênios religiosos (pensemos em Agostinho, Pascal, Kierkegaard, Manzoni) eram homens de uma interioridade profunda e sumamente pessoal e, ao mesmo tempo, estavam integrados em uma comunidade, iam à sua igreja, eram «praticantes».
Nas Confissões (VIII, 2), Santo Agostinho narra como acontece a conversão do grande orador e filósofo romano Victorino. Ao converter-se à verdade do cristianismo, dizia ao sacerdote Simpliciano: «Agora sou cristão». Simpliciano lhe respondia: «Não creio até ver-te na igreja de Cristo». O outro lhe perguntou: «Então, são as paredes que nos tornam cristãos?». E o tema ficou no ar. Mas um dia Victorino leu no Evangelho a palavra de Cristo: «quem se envergonha de mim e de minhas palavras, desse se envergonhará o Filho do homem». Compreendeu que o respeito humano, o medo do que pudessem dizer seus colegas, o impedia de ir à igreja. Foi visitar Simpliciano e lhe disse: «Vamos à igreja, quero tornar-me cristão». Creio que esta história tem algo a dizer hoje a mais de uma pessoa de cultura.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Intenções do Papa para o mês de NOVEMBRO DE 2008


Intenção Geral:

Entrega a Deus e ao próximo. Que o testemunho de amor oferecido pelos Santos fortifique os cristãos na entrega a Deus e ao próximo, imitando Cristo que veio para servir e não para ser servido.

Intenção Missionária:

Comunidades cristãs da Ásia. Que todas as Comunidades cristãs da Ásia, contemplando o rosto de Cristo, saibam encontrar os caminhos mais aptos para anunciá‑Lo, em plena fidelidade ao Evangelho, às populações daquele vasto Continente, rico em culturas e antigas formas de espiritualidade.

Educar o olhar

Educar o olhar é muito mais do que educação visual. Educar o olhar é ensinar a ver os motivos e as razões, as vantagens e os inconvenientes. É por aqui que começa a moral e a ética: olhar a realidade como quem se dá conta, e sem julgar antecipadamente, do que é construtivo e do que o não é.

Vasco P. Magalhães, sj

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Bispos americanos avaliam vitória de Obama

Convite à oração e proteção dos nascituros

É preciso rezar pelos Estados Unidos e por seu novo presidente: esta foi a mensagem que o arcebispo Donald Wuerl enviou aos fiéis da capital do país, Washington.
«Oferecemos nossas orações hoje por nosso país e por nossos líderes recém-eleitos, incluindo o presidente eleito Obama, no momento em que assumem novas responsabilidades», disse o arcebispo de Washington, um dia depois de que o senador de Illinois, Barack Obama, ganhara as eleições contra o senador do Arizona, John McCain.
O arcebispo reconheceu o «histórico momento» da eleição do primeiro afro-americano à presidência e disse que se alegra «com o resto de nosso país por seu significado».
O arcebispo Wuerl expressou o desejo de que os novos líderes «sejam guiados em suas decisões pela sabedoria e pela compaixão».
Repetindo um tema de preocupação para mais de 50 líderes de dioceses neste ano eleitoral, que fizeram declarações públicas a favor da proteção da vida dos nascituros, o arcebispo disse que ele também espera ver na nova administração «um profundo respeito e compromisso com a santidade e dignidade de toda vida humana e apoio aos mais vulneráveis entre nós».
O bispo William Murphy, de Rockville Centre, Nova York, também comentou o dia da eleição, qualificando-o de «momento histórico» para os Estados Unidos. Em declarações à Rádio Vaticano, Dom Murphy considerou o presidente eleito como «homem inteligente» que é capaz de «mover um grupo com sua visão».
«Este país está cansado de muitas coisas e deseja uma voz fresca e penso que ele representa amplamente isso», afirmou o bispo.
O prelado aludiu ao «horror dos 40 ou 50 milhões de bebês abortados» no país e disse que se «excluiu sistematicamente uma parte de nossa cidadania por combater [o direito à vida]».
«Esta é uma tremenda mancha escura na nação americana e contradiz o que proclamamos ser: um povo para o qual a liberdade, a justiça e a busca da felicidade, que significa estar fundado sobre a vida, são permitidas, dadas a cada um», disse.
Mas negando ao não-nascido o direito à vida, «não estamos vivendo o que proclamamos ser», disse.
Referindo-se a Obama, Dom Murphy disse que o percurso contra a vida do presidente eleito foi «muito claro» e que os «bispos o convidarão a repensar isso. Nos lhe pediremos que não avive o fogo das divisões culturais, que dividiria o país neste tema tão importante».
Assegurou que «lhe pedirá que reflita sobre o amplo sentimento de que o aborto não é algo bom em si mesmo, porque mata crianças, e que não é uma boa coisa para nosso país, porque ataca o autêntico núcleo de uma boa sociedade».
O bispo de San Antonio convidou aos fiéis a rezarem por uma cultura da vida. Em uma mensagem publicada no site diocesano, o arcebispo José H. Gómez e o bispo auxiliar, Oscar Cantú, reconheceram o recorde de número de votantes que foram às urnas para eleger o primeiro presidente afro-americano.
«Oremos – acrescentaram – para que Deus lhe dê sabedoria e compaixão para formar uma cultura da vida nesta terra; e que possa caminhar rumo a políticas que protejam os mais vulneráveis dentre nós.»

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Rezem e promovam vocações à Companhia de Jesus!

5 de Novembro
Dia de TODOS OS SANTOS JESUÍTAS
e
VII JORNADA LATINO-AMERICANA
DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES À COMPANHIA DE JESUS


Oração Pelas Vocações à Companhia de Jesus

Senhor Jesus, nós te pedimos
que a muitos escolhas e chames,
que a muitos chames e envies,
conforme tua vontade,
para trabalhar pela Igreja
em tua Companhia.
Pouco ainda fazemos
e tanto mais poderíamos fazer,
se não fosse nossa fraqueza e omissão.
Por isso, Senhor Jesus,
fica sempre à frente
na história de nossa vida
e na daqueles que escolheste para teu serviço,
para que não deixe de se realizar,
por negligência nossa,
a totalidade de teu projeto de amor.
Amém.

DIA DE TODOS OS SANTOS DA COMPANHIA DE JESUS

5 DE NOVEMBRO

LADAINHA DOS SANTOS JESUÍTAS

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Escolho. Sou Igreja.

Um bairro. As casas voltadas umas para as outras. Trovoada seca. E, de repente, uma chuva torrencial que começa. Ouve-se dentro de casa. Instintivamente, saio para a varanda. Olho o céu: escuro. Olho e sinto a chuva: frescura. Olho em volta e reparo que, como eu, várias pessoas se aproximaram das janelas ou das varandas.Fico a reparar. Uns fecham rapidamente as janelas e desaparecem. Outros acrescentam ao fechar os vidros, o fechar as persianas. Outros permanecem. Acolhem a chuva que cai. Outros falam para dentro de casa e, rapidamente, alguém se lhes junta. Partilham este acolher. (Há até quem vá regar os vasos que não estão ao alcance desta chuva.)E eu? Observo tudo isto, enquanto me deixo molhar pela chuva que cai cada vez com mais intensidade. Sei-me a partilhar este momento com imensa gente: estes que posso ver e outros que imagino a fazerem o mesmo em qualquer outro local.Olho este quadro e penso na Igreja. Deus que Se propõe - não Se impõe! -, variando na forma de apresentar a Sua proposta. E eu (e nós) acolho (acolhemos) esta proposta… ou não! Às vezes, será mais fácil fechar-me, até nem ver o que me é dado – como que fechando janelas e persianas à chuva e à trovoada -, numa facilidade quase imediata de terminar com aquilo que me provoca, que me incomoda, que me desinstala. Ou, então, posso experimentar acolher. Experimentar deixar-me tocar, deixar-me molhar, deixar-me inundar, deixar-me afectar, deixar-me ferir. E tocá-Lo. Escutá-Lo. Vê-Lo. Nos outros. Em cada um. E, nesta experiência, encontrar outros. Encontrar-me com eles. Comigo. Com Deus. Em Igreja. Sendo Igreja.Aceitando esta proposta, este encontro, este confronto com Jesus, proponho-me seguir um caminho trabalhoso e paciente de questões, deixando que Ele Se diga na minha vida. Abro-me à Sua novidade: o desafio a um novo ver, a um novo olhar sobre tudo, numa experiência, por vezes, desconcertante. Deixo-me encontrar em desprotegida entrega. E Ele está disponível para vir habitar também o meu interior. E vem. Mas essa vinda não acontece sem mim, sem a minha vida, sem as minhas lágrimas e os meus sorrisos, sem as minhas alegrias e as minhas tristezas, sem os meus sonhos, sem a entrega daquilo que sou. E reconheço-Lhe ou não autoridade. E acredito que vale ou não a pena segui-Lo. Escolho ou não segui-Lo. Com outros. Sendo Igreja.Escolho. Sigo-O. Desejo reconhecer-me na identidade de Jesus, unindo o meu Amor a Deus ao meu Amor aos outros e que isso se manifeste em gestos que dão vida (por mais pequeninos e simples que sejam). Desejo acolher tudo quanto me quer oferecer: Deus é dedicação incondicional – para mim! Vejo-O, porque sou vista. Reconheço-O, porque sou reconhecida. Deixo que transforme a minha vida. Aceito, numa maneira inteira e confiada, que Se relacione comigo, atingindo a profundidade da minha vida e do meu ser, dando a toda a realidade uma nova perspectiva. E, desta relação, crescerá a relação com os outros e nelas nos encontraremos e reconheceremos. E partiremos ao encontro de todos os lugares humanos. Somos Igreja.

Margarida Corsino da Silva

sábado, 1 de novembro de 2008

A morte sem medos ou tabus


A morte permanece para o homem um mistério. Mistério cercado de respeito, mesmo para os que não crêem em Deus. É interessante notar como todas as religiões acabam apontando para algo que permanece depois da morte. Isso já era comum entre as mais antigas religiões do mundo.
Morrer é um fato certo. A morte virá ao nosso encontro e nos fará despedir-nos de todos. Não sabemos onde, quando e nem como, porque ela é um ato biológico, é um ato pessoal e um fato social/comunitário. Para não sermos surpreendidos, somos orientados, ao longo da vida, a construir a nossa eternidade, através da bondade, da generosidade e do amor dedicado aos outros (ao próximo).
O caminho pode ser longo ou curto, o importante é que termine em Deus, de onde, um dia, saímos. O mesmo Senhor que nos deu a vida, Ele nos acolherá na morte. O mesmo Senhor que nos criou por amor, acolher-nos-á para um amor infinito e eterno.
A morte causa medos na maioria das pessoas, porque se trata do desconhecido (mistério). A maioria das pessoas têm uma crença na imortalidade da alma, embora, muitas vezes, paira a dúvida, a incerteza e a falta de conhecimento do que seja a morte. E isso causa medos e angústias. Há outras causas de medo, não tanto da morte, mas do possível sofrimento desse instante; as seculares ameaças do inferno e a visão assustadora de um Deus punitivo, propagadas pela religião e pela cultura ocidental, também são causas de medos.
Muita gente, infelizmente, só dá valor à vida com a iminência da morte. Ela nos faz lembrar que estamos aqui de “passagem”. Que a nossa vida terrena, por ser breve, é preciso valorizá-la e aproveitá-la. Chamamos de “aproveitamento” a valorização das grandes verdades da vida, do amor, da compaixão, da solidariedade.
A gente pode preparar-se para morrer estando em dia com sua consciência, quite com os seus deveres afetivos e cumprindo suas tarefas existenciais com amor e alegria. Se a morte nos pega assim, vamos bem!
É superstição e crendice acreditar que falar sobre a morte é atraí-la sobre si. Falar sobre a morte de maneira saudável quebra tabus e de jeito nenhum atrai, antecipadamente, a sua vinda. Ninguém morre na véspera!...
Não basta ter esperança na vida após a morte. Deus quer vida também antes da morte. Tudo o que fazemos para que a vida seja mais justa, mais plena, é um ato de fé no Deus que só quer o melhor para seus amados filhos. E o “Dia dos Finados” é um dia de silêncio, saudade e esperança. Elevemos aos céus nossas preces pelos Finados. Porque em nossas preces, gestos e devoções, certamente, está presente nossa fé na ressurreição e na vida eterna.

Santidade

Santidade, imagens, velas, flores, altares, incenso, esmolas e orações, tudo isto compõe o cenário do mês que se aproxima. É o mês dos santos, diz a tradição. Santos, sim, aquelas pessoas que achamos tão distantes da nossa realidade. Vidas de grandes feitos, sacrifícios inigualáveis, uma bondade sem limites... As biografias que leio deixam-me sempre desconcertado. A distância que vejo cavar-se entre mim e eles parece intransponível. Pergunto-me muitas vezes se eles não teriam sentimentos semelhantes aos meus, se de vez em quando não perderiam a paciência, se não duvidariam muitas vezes daquilo que os movia. Aproveitando estes tempos em que somos convidados a meditar na figura de São Paulo, acho que temos bons argumentos para não colocar a santidade num patamar apenas acessível a alguns.

Mas afinal como posso ser santo hoje? Ter uma imagem num altar, com dezenas de velas a venerarem-me.... Será a santidade apenas isso?

Imagino Paulo, o apóstolo, bastante irado contra as imagens que hoje dele fazemos: um homem idoso, longas barbas, a segurar uma espada. Ele certamente entraria nas Igrejas e ficaria surpreendido com a quantidade de imagens de santos que hoje veneramos. A Cruz, a imagem de Jesus Cristo, essa ficaria elevada no lugar mais destacado do templo. Por muito grandes que sejam os modelos de cristianismo que possamos ter, o mais importante é Cristo. É Ele que nos conduz, que nos faz viver, que dá sentido a todas as coisas. As imagens que observamos de rosto pálido e sorriso intermitente não ilustram seguramente a alegria que aqueles homens e mulheres experimentavam ao viverem a sua vida em união à pessoa de Jesus. Paulo, um dos maiores santos da Igreja, não teria dúvidas em afirmar que ser santo passa simplesmente por ser cristão.
Mas afinal não há imensos cristãos no mundo de hoje? Ou será que ser cristão é algo um pouco diferente do que geralmente se considera?
São Paulo não tinha dúvidas de que ser cristão não é uma convenção ou um título que podemos usar depois de sermos baptizados; ser cristão é muito mais. Ser cristão é muito mais do que palavras bíblicas que possamos invocar nas situações que nos convêm; é muito mais do que cruzes ao peito e tatuagens do rosto de Cristo no braço. Ser cristão é certamente muito mais do que acusar os pecados do vizinho, apontá-lo e virar-lhe o rosto elevado quando por ele passo. Ser cristão é ser outro Cristo, ou seja, manter uma relação de proximidade e profundidade únicas com Deus; um diálogo constante com Aquele que nos oferece uma visão lúcida da realidade e da nossa posição na história. É saber medir bem cada passo que dou, na certeza de que faço tudo diante d’Aquele que me amou primeiro. É adaptar cada gesto, cada palavra, cada acto, mesmo sabendo que, muitas vezes, o meu pensamento e a minha vontade me tentam iludir com utopias de uma felicidade fácil e fechada sobre mim mesmo. Ser cristão é ter sempre diante de mim a inquietante e decisiva questão: se Jesus estivesse aqui agora, o que faria? Como faria? O que diria? Como diria? E eu, agora, que faço?
Será então possível eu dizer-me cristão hoje e viver debaixo de uma tão grande exigência?
E porque não?
Rui Ferreira

Evangelho Dominical

Reflexão do Evangelho

Mateus 5, 1-12

A festa de todos os santos e a comemoração dos fiéis defuntos têm algo em comum e por este motivo foram colocadas uma logo após a outra. Inclusive a passagem evangélica é a mesma, a página das bem-aventuranças. Ambas as celebrações nos falam do mais além. Se não crêssemos em uma vida depois da morte, não valeria a pena celebrar a festa dos santos e menos ainda visitar o cemitério. A quem visitaríamos ou por que acenderíamos uma vela ou levaríamos uma flor?
Portanto, tudo neste dia nos convida a uma sábia reflexão: "Ensina-nos a contar nossos dias – diz um salmo – e alcançaremos a sabedoria do coração". "Vivemos como as folhas da árvore no outono" (G. Ungaretti). A árvore na primavera volta a florescer, mas com outras folhas; o mundo continuará depois de nós, mas com outros habitantes. As folhas não têm uma segunda vida, apodrecem onde caem. O mesmo acontece a nós? Aqui termina a analogia. Jesus prometeu: "Eu sou a ressurreição e a vida, quem vive e crê em mim, ainda que morra viverá". É o grande desafio da fé, não só dos cristãos, mas também dos judeus e dos muçulmanos, de todos os que crêem em um Deus pessoal.
Quem viu o filme "Doutor Jivago" recordará a famosa canção de Lara, a trilha sonora. Na versão italiana diz: "Não sei qual é, mas há um lugar do qual nunca regressaremos...". A canção mostra o sentido da famosa novela de Psternac, na qual se baseia o filme: dois namorados que se encontram, se buscam, mas a quem o destino (encontramo-nos na tumultuosa época da revolução bolchevique) separa cruelmente, até a cena final, na qual seus caminhos voltam a cruzar-se, mas sem reconhecer-se.
Cada vez que escuto as notas dessa canção, minha fé me leva quase a gritar em meu interior: sim, há um lugar do qual nunca regressamos e do qual não queremos regressar. Jesus foi prepará-lo para nós, nos abriu a vida com sua ressurreição e nos indicou o caminho para segui-lo com a passagem das bem-aventuranças. Um lugar no qual o tempo se deterá para dar passagem à eternidade; onde o amor será pleno e total. Não só o amor de Deus e por Deus, mas também todo amor honesto e santo vivido na terra.
A fé não exime os crentes da angústia de ter de morrer, mas a alivia com a esperança. O prefácio da missa de amanhã diz: "aos que a certeza da morte entristece, a promessa da imortalidade consola". Neste sentido, há um testemunho comovente que também se encontra na Rússia. Em 1972, em uma revista clandestina se publicou uma oração encontrada no bolso da jaqueta do soldado Aleksander Zacepa, composta pouco antes da batalha na qual perdeu a vida na 2ª Guerra Mundial. Diz assim:
Escuta, ó Deus! Em minha vida não falei nem uma só vez contigo, mas hoje tenho vontade de fazer festa. Desde pequeno me disseram sempre que Tu não existes... E eu, como um idiota, acreditei.
Nunca contemplei tuas obras, mas esta noite vi desde a cratera de uma granada o céu cheio de estrelas e fiquei fascinado por seu resplendor. Nesse instante compreendi que terrível é o engano... Não sei, ó Deus, se me darás tua mão, mas te digo que Tu me entendes...
Não é algo estranho que em meio a um espantoso inferno a luz tenha me aparecido e eu tenha descoberto a ti?
Não tenho nada mais para dizer. Sinto-me feliz, pois te conheci. À meia-noite temos de atacar, mas não tenho medo, Tu nos vês. Deram o sinal! Tenho que ir. Que bem estava contigo! Quero te dizer, e Tu o sabes, que a batalha será dura: talvez esta noite vá bater à tua porta. E se até agora não fui teu amigo, quando eu chegar, Tu me deixarás entrar?
Mas, o que acontece comigo? Estou chorando? Meu Deus, olha o que me aconteceu. Só agora comecei a ver com clareza... Meu Deus, vou-me... será difícil regressar. Que estranho, agora a morte não me dá medo.