É difícil falar pouco desse profeta basco, médico, jesuíta,
provincial da Província do Japão, eleito Padre Geral da Congregação em 1965
quando terminava o Concílio Vaticano II. Nos últimos anos de sua vida, sofreu
duas tromboses: uma em 1981, voltando da Ásia, e outra em 1980. Porém, o Papa
João Paulo II só aceitou sua renúncia em 1983. Foi “Geral” da Congregação
durante 18 anos. Este “santo” (para muitos) partiu para a casa do Pai com 84
anos, em 1991.
O Padre Arrupe encarnou o lema dos jesuítas definido na 32ª
Congregação Geral: “Serviço da Fé e Promoção da Justiça”. Seu amor pelos
empobrecidos nasceu em Madri, quando estudava Medicina. Desde cedo, quis ser
missionário no Japão, mas foi atendido em seu desejo só aos 31 anos. Quando a
bomba atômica explodia sobre Hiroshima, em 1945, ele era Mestre de Noviços
naquela cidade. Com o passar do tempo,
esta bomba se converteu, para o Padre Arrupe, em uma explosão simbólica que o
despertou para uma nova era de sua vida.
Pedro Arrupe merece muitos adjetivos: missionário,
mensageiro da esperança, alegre, corajoso, otimista... Foi eleito Geral aos 58
anos, sabendo animar e desafiar seus companheiros espalhados por todo o mundo,
apesar de algumas grandes dificuldades, inclusive de relacionamento com a Cúria
Romana. Além de tudo, era um otimista. “Tenho plena confiança na semente que
Deus plantou no ser humano”.
Foi profeta dentro da Companhia de Jesus, diante das
Congregações Religiosas e diante da própria Igreja. Sabia falar de Igreja, de
mundo moderno, de diálogo com os ateus, de inculturação. Encarnou em si todas
as coragens que nasciam do Concílio Vaticano II. Foi com eles que se criou, na
Companhia de Jesus, o Secretaria dos Refugiados.
Se há profecia na Igreja, isso pode ser contemplado na vida
que Pedro Arrupe viveu. Mesmo enfrentando 8 anos de “doença” que o levava à
“inutilidade”, nunca perdeu o sorriso; até nos momentos delicados que a
Companhia de Jesus viveu naqueles anos. Abraçou de corpo inteiro o que dizia o
Decreto 4 da 32ª Congregação Geral: A
missão da companhia de Jesus, hoje,é o serviço da fé, do qual a promoção da
justiça constitui exigência absoluta. Eleito Geral, logo perguntou para os
236 jesuítas congregados, se estavam conscientes do que acabavam de votar e
aprovar.
Quando se despediu, como Geral, em 1983, ele dizia que estava seguro que sabia e se sentia e se
experimentava estar totalmente nas mãos do Senhor. Padre Pedro Arrupe,
rogai por nós!
Texto: Hilário Dick, Sj
Imagem: Jesuit.org
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