sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Natal: «… paz na terra!»

A fé cristã aparece, então, como um risco, como a audácia da confiança. Toda a Bíblia nos conduz a esta confiança: é o Deus absolutamente transcendente que nos vem falar numa linguagem acessível.
Meditar a proximidade de Deus manifestada no Natal provocará sempre o espanto. O Verbo fez-se carne. Deus fez-se vulnerável. Santo Agostinho insiste: a sua palavra torna-se numa pequena criança incapaz de falar. A partir do seu nascimento, Jesus é lançado à precariedade, à instabilidade da existência humana. Imediatamente depois, sofre com Maria e José a perseguição e o exílio.
No Natal, já se mostra a sombra da cruz . Encarnando-se, Deus escolhe revestir a fragilidade humana. Vem habitar as nossas rupturas e os nossos sofrimentos. Cristo junta-se a nós no mais baixo, faz-se homem como nós para melhor nos estender a mão.
Pela vinda de Jesus, Deus compromete-se a uma verdadeira partilha. Assume a nossa humanidade e, através dela, a nossa própria pessoa. Em troca, comunica-nos a sua vida. Maria é a garantia de que esta partilha é real, pois ela traz a promessa que conduzirá à reconciliação da humanidade com Deus.
Ousemos reconhecer na pequena criança do presépio a presença de Deus, acolhamos a sua paz, e com ela a esperança de paz para o mundo inteiro. No Natal, Deus envia-nos a transmitir esta paz a todo o lado. O nosso mundo precisa de mulheres e de homens corajosos que através da sua existência expressem o apelo do Evangelho à reconciliação.
Recordemos que na história, por vezes bastaram algumas pessoas para fazer inclinar a balança no sentido da paz. A confiança e a coragem de uma mulher, a Virgem Maria, foram suficientes para deixar Deus entrar na nossa humanidade. Deixemo-nos levar por esta confiança e por esta coragem. Podemos lê-las nos olhos desta Virgem com o Menino aqui representada, inspirada no rosto de uma jovem africana.
Meditação do irmão Alois

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