quinta-feira, 11 de março de 2010

Testemunho de um amazonense e notícias da Comunidade Vocacional


Márcio Fernandes Conceição
Quando os dias no Amazonas passavam e a data da partida para casa vocacional dos Jesuítas se aproximava, apreensão tomava conta do meu coração, afinal, às vezes nos encontramos com temor ao novo e assim ,sem perceber, vamos nos fechando para o projeto de Deus.
Projeto que o Pai prepara para nós já bem antes de nós nascermos, assim como o chamado de Jeremias “ Antes que te formastes no ventre de tua mãe eu o conheci; antes que você fosse dado a luz, eu o consagrei, para fazer de você profetas das nações” Jr 1,5.
E foi se espelhando nas palavras do Senhor a Jeremias que vim colocando-me nas mãos do Senhor com muita fé, naquilo que Deus naquele momento me propusera, “Sai da tua terra, do meio de seus parentes e da casa do seu pai, e vá para a terra que eu lhe mostrarei” Gn 12,1
Assim, eu (Itacoatiara-Amazonas), juntamente com meus irmãos de caminhada, Gabriel Leitão (Manaus-Am) e Silvio Rosas (Novo –Aripuanã-Am) embarcamos com destino a Fortaleza-CE, chegando no dia 18 de Fevereiro de 2010 às 5:10 horas, deixando um pouco de nossas vidas e as pessoas que amamos, para nos entregar nas mãos do Senhor que tudo nos dá de bom.
Quando chegamos, nos encontramos com Padre Jonas que nos aguardava no Aeroporto e logo depois já na casa, com Padre Laércio, nossos formadores. À primeira vista pessoas muito boas e que veio a ser confirmado neste tempo em que já estamos convivendo na casa.
Na chegada pude perceber, que Fortaleza tem muitas coisas em comum com Manaus, tornando o impacto da mudança menos sentida. As pessoas são acolhedoras, a flora tem muito em comum com a Região Norte, o calor tão forte como de Manaus, embora, que o vento aqui ajuda a refrescar bastante. Eu particularmente me senti em casa, dando graças a Deus por este ano de reflexão e decisão em minha vida.
Enquanto conhecíamos um pouco deste chão, pouco a pouco nossos amigos de experiência iam chegando vindos da Bahia, Piauí, Pernambuco e Paraíba trazendo em suas bagagens suas experiências, alegrias, culturas e fé, o que tem nos completado como pessoas e brasileiros que somos.
Neste espírito de irmandade fomos para uns dias de convivência em uma casa situada na praia do Presídio (Iguape). Lá, em meio a cantos, brincadeiras e orações, o valor da amizade e o espírito da comunidade Inaciana nos tornavam mais amigos e cheios do Espírito Santo .
Neste local, pela primeira vez também, foi possível ter admirado e sentido o mar, já que nosso estado tem imensidão de rios, mas, mar somente um de nós tinha visto. Para mim, foi grandioso e pude assim, contemplar o que o salmista diz “Quando contemplo o céu, as obras dos teus dedos, a lua e as estrelas que fixaste... O que é o homem, para dele te lembrares?” Sl 8,4-5.
Pude sentir assim a grandeza de Deus em nossas vidas, e como muitas vezes nos tornamos pessoas egoístas a ponto de não nos admirarmos com tanto esplendor na criação de Deus. Toda essa experiência acompanhou de forma grandiosa nossos dias de convivência.
Depois que saímos da semana de convivência, nas semanas depois, fomos conhecer as comunidades simples da Paróquia Nossa Senhora do Perpetuo Socorro do Bairro do Mondumbim. Comunidades de pessoas humildes, acolhedoras e cheias de fé que aos pés da mesa da palavra e da Eucaristia doam a sua vida. “ Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da Terra, porque escondestes essas coisas aos sábios e inteligentes e as revelastes aos pequeninos”Mt 11,20. E são nestes pequeninos, que vemos a imagem do Cristo pobre e que necessita de pessoas que com suas vida possam dar ânimo pastoral, afim, de que eles continuem firmes junto ao Cristo e a sua Igreja. Também conhecemos o lar Torres de Melo, lar que cuida de idosos. No Lar, vi em cada um daqueles que ali estavam, indefesos e carentes, muitas vezes de um amor familiar, os rostos acolhedores de meu pai e minha mãe, tocando profundamente meu coração e os dos meus amigos. Estar ali cuidando daqueles que um dia tiveram como nós, suas forças vitais completas, tendo eles também, sua história de vida e suas experiências é uma honra para mim e creio que para todos da casa vocacional que estarão lá fazendo seu voluntariado.
Que maravilha neste ano poder sentir esse amor pelas pessoas, refletindo na graça de Deus de como servir melhor ao senhor em sua messe, tendo em nossas mãos a oração Inaciana que todos os dias nos coloca nos braços de Deus. Viver isso não tem preço, é de uma riqueza inigualável, todo o homem deveria dar um pouco de seu tempo para fazer uma experiência dessas para ver se sua vocação não seria de ser padre ou irmão, tenho certeza que isso lhe engrandeceria e com certeza formaria Cristãos mais humildes e despojados de si, para os outros.
Que este ano nesta casa vocacional de são Pedro Claver que tanto nos acolheu com amor, possamos refletir com alegria que o senhor nos chama e assim felizes escutar sua voz e responder: “Fala Senhor, que teu servo escuta” ISm3,10 e assim, para maior glória de Deus poder servi-lo melhor com nossa vocação específica.

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