Há dias em que nos apercebemos dos cheiros da manhã mal fechámos a porta de casa. Há outros que não.Há dias em fazemos “check” em todos os compromissos da agenda e ainda conseguimos ler uma página do livro que nos ofereceram naquele dia especial. Outros há em que ficam até compromissos por cumprir.Há dias em que nos dá vontade de cuidar com carinho dos laços de amor que construímos. Outros em que dá a sensação que acordamos para os estragar.Há dias em que ficamos felizes quando, ao deitar, percebemos que não passamos pelo sofá e não perdemos tempo com a TV. Outros há em que o sofá parece estar encantado e com o poder absurdo de nos amarrar nele em eternidades vazias.Há dias em que a nossa alegria é tão contagiante que fica difícil acreditar que não temos colocados uns grandes óculos verdes com guizos de cores de festa e um nariz de palhaço bem vermelho e redondo. Outros em que, sem razão aparente, a nossa sobrancelha levanta e expressões de irritação e desilusão invadem a nossa cara e não arredam pé… e sentimos que nos vamos afastando de nós, do mais essencial e bonito que temos e somos. E vamo-nos apercebendo que vamos fazendo “o mal que não queremos” e não conseguimos concretizar todo “o bem que temos para fazer”. Em que situações, na minha vida, fiz o “mal que não quis”? E, em mim, existe “bem ainda por fazer”? Há dias de grande consolação, onde nos apercebemos o quão centrados estamos, no bem que isso nos traz, no quanto nos guia até aos outros, na alegria e confiança que nos dá. E dias de cansaço acumulado, de falta de esperança, onde não vemos saídas claras e nos perdemos em raciocínios confusos e pesados, que nos cansam ainda mais e aumentam a bola de neve que vai descendo a encosta com mais e mais força, sem darmos conta: estes dias roubam-nos tudo… roubam-nos de nós… roubam-nos o Sopro de Vida que nos traz ânimo… que nos dá Alma. Vou percebendo que a Vida é cíclica nas coisas mais fundamentais. E que há ciclos que tenho de fechar e começar de novo. O que me dá força para o conseguir?Este último Verão trouxe-me imensa Vida, por ter sido um tempo de experiência concreta de perdão infinito aliado a um desejo profundo de santidade.É, sem dúvida, a experiência mais consoladora e bonita que tive a oportunidade de vivenciar… depois de me desviar constantemente dos apelos que ia recebendo e fingindo não ouvir, dos meus caminhos, reconhecer com o coração que não fui dom, graça e vida para o Mundo… Custa tanto voltar para Deus com o coração desfeito e mãos cheias de nada… todo feito Filho Pródigo… e as lágrimas caem quentes quando O imagino de braços abertos pronto para me dar o Abraço de Perdão ao som do festim melodioso dos Anjos!E com o Seu Abraço faz-me acreditar que o Amor é sempre maior que o meu pecado… e até a culpa se torna feliz assim, pronta para REcomeçar.Questionar-me sobre situações/pessoas para as quais não tenha sido dom, graça e vida; Quem precisa do meu Abraço de Perdão?
Andreia Gil
Nenhum comentário:
Postar um comentário