sábado, 9 de agosto de 2008

19º Domingo do Tempo Comum (Reflexão)

Elias havia reconduzido o povo ao verdadeiro culto e à autêntica compreensão do Deus de Israel. Por essa razão, o profeta passou a ser perseguido. Na fuga e sem esperança, pede a Deus para morrer. Alimentado misteriosamente, chega ao monte Horeb. Diferentemente do que Elias imaginava, na serenidade do silêncio, ele se encontra com o Senhor e compreende que fora chamado e enviado para o serviço paciente. Assim como o Senhor alimentou Elias, no Evangelho Jesus alimenta a multidão que o seguia. Depois que todos se saciaram, Jesus ordena que os discípulos entrem na barca e sigam para o outro lado do mar, enquanto ele despede a multidão. No alto da montanha e na solidão, Jesus entrega-se à oração. Os discípulos, no mar, navegam a fim de dar continuidade à missão de anunciar que a sociedade se constrói pela partilha. No meio do mar agitado e entre os gritos dos apóstolos com medo de fantasmas, Jesus se revela como portador da paz e de segurança: "Coragem, sou eu, não tenhais medo". Jesus faz cessar o vento e acalma as águas agitadas: Ele é o Senhor pelo qual todas as coisas foram criadas. Infunde assim serenidade aos ânimos medrosos e apavorados. Ele vem caminhando sobre as águas, dominando os medos mais terríveis, os que eliminam toda alegria. Pedro se lança no mar. Também ele quer caminhar sobre a água, desafiando o perigo; confia, dá os primeiros passos, mas depois afunda nas ondas do mar. E Jesus o toma pela mão e repreende a sua fé vacilante. Do domínio de Jesus sobre o vento e as ondas, os apóstolos chegam à certeza de que Ele é verdadeiramente o Filho de Deus. Contemplando a figura de Pedro e do profeta Elias, no horizonte da fé, percebe-se que em nossas comunidades há muitas resistências ao novo. É bem mais cômodo buscar e cercar-se de Jesus quando as coisas andam bem. O mar agita-se quando se tem que partir e ir ao encontro do diferente, do desconhecido e ali anunciar a Boa-Nova da partilha, da solidariedade pelo serviço e pelo diálogo. Como pessoas de fé, temos medo, resistimos à entrega total aos desígnios e cuidados de Deus? Deixar a terra firme para caminhar sobre as ondas em meio à tormenta não é nada fácil. Felizmente a graça de Deus é mais poderosa que nossas fragilidades. Ele sempre está por perto, presente em sua aparente ausência, amando-nos e assistindo-nos. A exemplo de seus discípulos, Jesus nos põe à prova para confirmar nossa fé e nossa confiança, para interiorizar nossa opção pelo Evangelho, pelo Reino de Deus e pelo amor solidário aos irmãos. Nessa perspectiva, é importante a oração silenciosa. Na contemplação do agir de Deus, nos sentimentos fortalecidos diante das "noites escuras" da existência e das tormentas da missão. No convívio sereno com o Senhor, o coração do discípulo, clamará: "Atende à minha prece, Senhor, considera minha voz suplicante".

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