O Padre Henrique Rios, jesuíta com larga experiência de missão na China, diz que a atenção gerada pelos Jogos Olímpicos deve levar a “envolver” toda a Igreja na Missão neste país, lamentando que durante muito tempo se “tenha estado à distância”.
Falando nos chineses como uma potência que está a “emergir com influência” em todo o mundo, o missionário jesuíta diz que no último século e meio há uma presença cada vez maior da Igreja na China, na cultura chinesa. Apesar de tudo, “há gente que tem medo”.
Em declarações ao «70x7», o Pe. Rios – que passou 11 anos em Macau – diz que a edição dos Jogos que se iniciou esta Sexta-feira em Pequim é vista pela China para “fazer crescer” a nação, diante do mundo, apesar de alertar para a “muita pobreza que não vai ser mostrada e nunca o irá ser, porque é do mundo rural”.
“São mais de 1,3 mil milhões de pessoas, devemos pensar que as imagens que nos vão mostrar não descreverão o país total, mas isso aconteceria em qualquer outro lugar”, indica.
O jesuíta português fala ainda na “exploração das horas de trabalho”, mesmo reconhecendo que essa opção faz parte da maneira de pensar do próprio trabalhador.
Sobre o impacto que poderá ter a realização dos Jogos Olímpicos na questão do respeito pelos direitos humanos na China, o Pe. Rios admite que o regime de Pequim “sabe que este é o seu ponto fraco, mas fará tudo para que não se saiba disso no país”.
“A China há-de saber contornar politicamente essa situação”, assegura.
Mais de 80 chefes de Estado, de Governo e membros de famílias reais assistiramm à cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim, que se realizou esta Sexta-feira, no Estádio Nacional da China, também conhecido como “Ninho de Pássaro”.
O representante português foi o ministro da presidência, Pedro Silva Pereira, que deixou votos de que os Jogos sejam “um evento que possa contribuir para a evolução e a abertura da China”.
O espectáculo, protagonizado por mais de 50 mil pessoas, marcou o arranque de 16 dias de provas, para mais de 11100 atletas de 205 países.
Igreja e China
Para o Pe. Rios, “não há povo mais bem preparado para as coisas de Deus do que o povo chinês”. O jesuíta destaca a importância da antiga colónia portuguesa como “local de passagem” e uma espécie de mãe espiritual para os católicos, porque “as pessoas sentem que em Macau respiram de outra maneira”.
O Pe. Rios acredita que o regime chinês sabe que a Igreja Católica “será sempre diferente”.
O sacerdote é autor da obra "Rosário com a Igreja da China". No ano em que se realizam os Jogos Olímpicos em Pequim, a pena de Henrique Rios dos Santos deu-nos reflexões que nos ajudam a compreender a Igreja Católica naquele país asiático.
"Ao rezar o Rosário com os cristãos da China, pensamos neles, lemos os seus testemunhos, escutamos com afecto espiritual os seus ensinamentos e apelos. Pedimos que todos, no contexto da Ásia, acolham o Evangelho", sublinha o autor.
Com cerca de 100 páginas, esta obra transporta-nos para paralelos diferentes da realidade europeia. "Ao recordar estes irmãos que aceitam as contrariedades, a perseguição, o sofrimento e a morte por fidelidade ao seu baptismo, agradecemos a nossa liberdade religiosa e preparamo-nos para as dificuldades, que surgem”, escreve.
Ao longo do livro surgem também pensamentos de Confúcio que ajudam a perceber a realidade daquele país asiático (com um tamanho enorme e especial em quase tudo) e poderão fazer as pontes entre o cristianismo e a tradicional cultura chinesa.
No dia 24 de Agosto será transmitido no programa 70x7, na RTP 2, pelas 09h30, a entrevista ao Padre Henrique Rios, SJ, sobre a Igreja Católica na China a propósito do livro “O Rosário com a Igreja da China".
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