Um judeu, chamado Apolo, natural de Alexandria, havia chegado a Éfeso. Começou, pois, a falar com intrepidez na sinagoga. Tendo-o ouvido, Priscila e Áquila tomaram-no consigo e, com mais exatidão, expuseram-lhe o Caminho” (At 18,24.26).
Escutando a Palavra de Deus e acolhendo-a em seu coração, Priscila, Áquila e Apolo, assim como tantas outras pessoas, descobriram, no encontro com Jesus Cristo, a alegria de segui-lo como discípulos missionários. Em Jesus Cristo, encontraram a fonte para a sua vida e abraçaram a missão, na certeza de que o Espírito Santo impregnava e motivava toda a sua existência. Foi assim que se tornaram colaboradores empenhados na formação de comunidades por onde passaram, anunciando sempre a pessoa e a missão de Jesus Cristo convencidos de que é Deus quem dá o crescimento (1Cor 3,7).
Acompanhados pelo apóstolo Paulo, fizeram a experiência do chamado que nasce sempre da iniciativa de Deus. Foi esta graça que os transformou em discípulos missionários apaixonados por Jesus Cristo.
Como esse processo de evangelização marca profundamente a vida das pessoas! Áquila e Priscila, acolhendo Paulo em sua casa (At 18,3), foram evangelizados e, mais tarde, os vemos ajudando Apolo no processo de iniciação à vida cristã (At 18,26). O Documento de Aparecida afirma: “Conhecer a Jesus Cristo pela fé é nossa alegria; segui-lo é uma graça, e transmitir este tesouro aos demais é uma tarefa que o Senhor nos confiou ao nos chamar e nos escolher” (DAp 18). Foi esta a experiência dos cristãos nas primeiras comunidades e é o caminho que vai sendo percorrido por milhares de catequistas e outras pessoas nas comunidades do Brasil.
Assim, quem acolhe a graça do encontro com Jesus Cristo, sentindo que é ele que vem ao encontro da pessoa, também tem a certeza de que é chamado a participar da vida da comunidade e aí, alimenta sua fé e encontra forças para realizar a missão como parte integrante da vida cristã e não algo opcional.
No mês vocacional, quando celebramos também o chamado de Deus para a participação na vida da comunidade onde tantos homens e mulheres entregam sua vida através de serviços e ministérios tão fundamentais como o da Catequese, queremos agradecer pela dedicação de cada cristão leigo(a).
Toda vez que me encontro com catequistas e outras pessoas que assumem a missão evangelizadora na comunidade e nos ambientes sociais nas 835 comunidades espalhadas pelos 175.000km² da diocese de Santarém, louvo e agradeço a Deus pela força que esses irmãos e irmãs trazem em seu coração e também lhes pergunto: vocês estão visitando as família dos jovens, crianças e adultos que estão sendo acompanhados? Visitam ainda as casas dos pais e padrinhos que se preparam para o batizado de seus filhos e afilhados? E que atenção dão aos noivos? Como têm sido as visitas a esses que se preparam para o casamento?
Sei que evangelizam, em primeiro lugar, por seu testemunho de dedicação que nasce do encontro com Jesus Cristo. Mas, também tenho visto o esforço que fazem para preparar as celebrações da Palavra de cada domingo, também quando utilizam suas canoas ou pequenos barcos para chegar ao local da celebração.
Na grande maioria das comunidades no interior da região amazônica, a celebração eucarística acontece, quando muito, duas ou três vezes ao ano. Agradecemos a Deus pelos cristãos leigos e leigas que aí estão cumprindo com fé a missão que não se restringe à dimensão litúrgica, mas perpassa todas as dimensões da vida das pessoas e da comunidade. Também damos graças pelos jovens que já descobriram o caminho do discipulado e abraçaram a missão na comunidade e na sociedade!
“Ao participar dessa missão o discípulo caminha para a santidade. Vivê-la na missão o conduz ao coração do mundo, Por isso, a santidade não é fuga para o intimismo ou para o individualismo religioso, tampouco abandono da realidade urgente dos grandes problemas econômicos, sociais e políticos da América Latina e do mundo, e muito menos fuga da realidade para um mundo exclusivamente espiritual” (DAp 148).
Guardando no coração, o tema do mês Vocacional - “Família de Deus: Todos chamados à Vida e à Missão” -, venho manifestar, em nome da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB, todo o nosso reconhecimento por cada catequista e por todos os que assumem serviços e ministérios nas comunidades da cidade e do interior em nosso país e elevar a Deus Pai nossa ação de graças por renovar o chamado e a consagração dessas milhares de pessoas a serviço da evangelização do seu povo.
Deus abençoe a vida desses irmãos e irmãs com seus familiares nas comunidades, paróquias e dioceses e, a exemplo de Áquila, Priscila e Apolo, alegrem-se por vivenciarem a vocação como discípulos(as) missionários(as).
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