"Ao produzir o texto destas meditações", tive que fazer "grande esforço para purificar-me dos sentimentos de pouca caridade em relação àqueles que fizeram Jesus sofrer, e à aqueles que estão fazendo sofrer, no mundo de hoje, os nossos irmãos".São as palavras com as quais o cardeal-arcebispo de Hong Kong, Joseph Zen Ze-Kiun, introduz as meditações escritas para a Via-Sacra da próxima Sexta-Feira Santa, no Coliseu de Roma. O purpurado chinês explica como o convite de Bento XVI o inspirou a trazer a Roma o eco das Igrejas da Ásia e da China em particular. Eis o que disse o próprio Cardeal Zen na entrevista concedida ao Centro Televisivo Vaticano:Cardeal Joseph Zen Ze-Kiun:- "Quando recebi esse convite, entendi que o Santo Padre queria que eu trouxesse a voz da China ao Coliseu. A recordação da Paixão de Nosso Senhor naturalmente se refere muito bem também aos sofrimentos, ainda hoje, na Igreja, e na China são muitos os que ainda sofrem por causa de sua fé. Portanto, o tema combina com a recordação da Paixão de Nosso Senhor, porque é ainda o Senhor que hoje, em seu Corpo místico, está sofrendo."P. Cardeal Zen, o senhor afronta o tema da perseguição a partir de uma ótica dúplice: não somente olhando para quem oprime a Igreja a partir de fora, mas também quem a oprime a partir de dentro...Cardeal Joseph Zen Ze-Kiun:- "Quando se pensa na perseguição, se pensa nos perseguidores, nos perseguidos e também em nós: estamos entre os perseguidos, por vezes nos encontramos talvez entre os perseguidores, porque somos pecadores, não é mesmo? Então, o pensamento se alarga o nos faz rezar por todos: por aqueles que sofrem por causa da fé, por aqueles que estão fazendo sofrer, mas que, porém, muitas vezes são também vítimas, conosco que _ com a nossa infidelidade _ somos talvez também uma grande parte neste mistério do mal."P. Refletir sobre a paixão de Cristo permitiu-lhe fazer ouvir a voz da Igreja chinesa mediante as vozes dos protagonistas da Via-Sacra. Cardeal Zen, qual experiência concreta de vida eclesial o senhor está trazendo da Ásia e da China, em particular, para as arcadas do Coliseu?Cardeal Joseph Zen Ze-Kiun:- "Nós, de Hong Kong, estamos numa posição de observação muito favorável, isto é, vemos muitas coisas, recebemos muitas mensagens... Infelizmente, por vezes parece que as razões negativas são mais fortes do que as positivas. Porém, nós como fiéis, somos otimistas impenitentes, e então olhamos para o lado bom. Esperamos que verdadeiramente, tudo aquilo que acontece no mundo leve a uma nova visão das coisas, mediante as quais o nosso governo entenda que uma liberdade religiosa, também para a Igreja católica, não prejudica em nada, pelo contrário, é uma vantagem para a nossa pátria!"
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