sexta-feira, 7 de março de 2008

A Mulher e a Defesa da Vida

A Campanha da Fraternidade sobre a defesa da vida olha com especial carinho e compromisso a mulher na Igreja e na sociedade. Hoje celebramos o dia internacional da mulher. Nossa reflexão enfoca a “hora da Mulher”.
1. Todo homem nasce de uma mulher e sobrevive graças a ela. Mulher quer dizer geradora e promotora da vida. O filho de Deus também é nascido de mulher. Todos somos, em relação à mulher, “ossos de seus ossos, carne de sua carne”. Deve, pois desaparecer toda discriminação e inferioridade feminina.
2. Mais da metade da humanidade é do sexo feminino. Isso revela que a promoção da mulher é um bem pra toda a sociedade. A reconciliação do homem e da mulher, é a primeira guerra que deve ser superada. A divisão de classe mais humilhante é a que existe entre o homem e a mulher. Infelizmente essa divisão é matriz de todas as outras. Uma nova sociedade e um mundo sem males, começa pela igualdade de dignidade do homem e da mulher. Este é o sonho de Deus. Homem e mulher são como a costela: “devem andar lado a lado”, como parceiros e não um contra o outro, nem um maior que o outro. O sonho divino é o de “uma só carne”, ou seja, de comunhão, unidade, respeito, complementaridade.
3. Famosas mulheres marcam a história da salvação e a sociedade atual. Como não reconhecer a força e a ternura da mulher nas escolas, hospitais, Igrejas, empresas, partidos etc? A família, porém, é lugar privilegiado onde homem e mulher, na condição de esposos e pais, influem poderosamente na educação dos filhos e na construção da sociedade. A libertação e emancipação da mulher não podem roubá-la de junto à família. O feminismo radical já foi revisto e redimensionado por feministas radicais. Há linhas feministas que beiram o revanchismo, o fanatismo, o radicalismo. Isso mais prejudica que constrói.
4. Na Igreja, Maria é anterior a Pedro. O perfil mariano tem prioridade ao perfil petrino. A mulher e leiga Maria é a mãe e discípula de Jesus. Partindo de Maria abrem-se muitas portas para novos ministérios da mulher. Quando não se leva a sério o feminino que se carrega dentro de si e que está na sociedade e na Igreja, corre-se o risco de ser prejudicado pela efeminação ou pelo machismo.
6. O mundo machista é frio, prepotente, patriarcal. Criou a guerra, a destruição da natureza, o crime organizado, as gangs, a anarquia. Já a mulher é mais criativa, intuitiva, dotada de bom senso e calor humano. Homem e mulher foram criados para serem companheiros, parceiros, aliados, con-criadores, complementares. Um aprende do outro, cresce com o outro, se encontro no outro. Sua vocação é para a comunhão no amor. Machismo e feminismo radicais são aberrações. É hora de superar o competitivo e abraçar o cooperativo, e inventar caminhos novos, pois o que faz a evolução é a confraternização, a associação, a colaboração.

* Dom Orlando Brandes é arcebispo de Londrina (PR) e presidente da Comissão Episcopal para a Vida e a Família da CNBB

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