sábado, 26 de abril de 2008

Domingo - DIA DO SENHOR

"A assistência dos pais com seus filhos à celebração eucarística dominical é uma pedagogia eficaz para comunicar a fé e um estreito vínculo que mantém a unidade entre eles."
Em 1965 o Papa Paulo VI aprovou um dos documentos mais importantes do Concílio Ecumênico do Vaticano II. Trata-se das relações da Igreja com o mundo de hoje. Os conciliares dizem sua palavra também sobre o difícil e complexo mundo do trabalho.
Primeiro lembram que, pelo trabalho, "o ser humano se associa à própria obra redentora de Jesus Cristo, que conferiu uma dignidade eminente ao trabalho, quando em Nazaré trabalhou com as próprias mãos" (GS, 67). Chamam atenção sobre o necessário tempo de repouso para que os trabalhadores possam cuidar da vida familiar, cultural, social e religiosa.
Com esta finalidade a tradição cristã firmou o domingo como dia de descanso, de família e de culto ao Senhor. Assim também se preserva o equilíbrio entre trabalho e repouso.
Sempre existe uma tensão entre o primado do trabalho e do interesse empresarial, que finalmente é o lucro. A este respeito os bispos católicos da América Latina e do Caribe, reunidos em maio de 2007 no santuário de Aparecida, ensinam: "A atividade empresarial é boa e necessária quando respeita a dignidade do trabalhador, o cuidado do meio-ambiente e se orienta para o bem comum. Perverte-se quando, buscando só o lucro, atenta contra os direitos dos trabalhadores e a justiça" (DA, 122).
A sociedade democrática, considerando os interesses de todos os segmentos que a constituem, garantirá o equilíbrio entre o capital e o trabalho, entre empresa e trabalhador. O Catecismo da Igreja Católica ensina: "Os poderes públicos cuidarão de assegurar aos cidadãos um tempo destinado ao repouso e ao culto divino. Os patrões têm uma obrigação análoga com respeito a seus empregados" (Catecismo, nº 2187).
A sociedade atual necessita do funcionamento de certas instituições à noite, aos domingos e em dias de feriado. Sem negar a complexidade da matéria, o Catecismo adverte: "Os fiéis cuidarão que dispensas legítimas não acabem introduzindo hábitos prejudiciais à religião, à vida familiar e à saúde" (Catecismo, nº 2185).
Participar da Missa ou do culto nos domingos e festas de guarda é um postulado firme e estável desde o tempo apostólico. É conhecido como "primeiro mandamento da Igreja". O Papa Bento XVI, em Aparecida, insistiu na retomada desta tradição: "A assistência dos pais com seus filhos à celebração eucarística dominical é uma pedagogia eficaz para comunicar a fé e um estreito vínculo que mantém a unidade entre eles. O domingo significou, ao longo da vida da Igreja, o momento privilegiado do encontro das comunidades com o Senhor ressuscitado".
Domingo é o dia do Senhor, da família, da comunidade sadia. Oxalá consigamos, sem radicalismos, preservá-lo para o bem de todos.

*Dom Sinésio Bohn, bispo de Santa Cruz do Sul

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