Entrevista com o cardeal Geraldo Majella Agnelo
Um ano após sua celebração, a Conferência de Aparecida suscita belas recordações, entre elas as celebrações diárias da missa com os peregrinos no Santuário da Padroeira do Brasil.
É o que destaca nesta entrevista a Zenit o cardeal Geraldo Majella Agnelo, arcebispo de Salvador (Bahia) e um dos presidentes da grande reunião eclesial inaugurada por Bento XVI em maio de 2007.
--Como o senhor vivenciou a tarefa de ser um dos presidentes de um evento tão importante como a Conferência de Aparecida?
--Cardeal Geraldo Majella Agnelo: A Conferência de Aparecida teve um caráter um tanto singular, pois não foi semelhante às outras. Ela foi muito bem preparada e articulada. A escolha do local foi do Papa, ele a prestigiou com sua presença e também deu o tema do evento. Ele ainda quis que fosse dentro do Santuário de Aparecida. Tudo isso fez com que a Quinta Conferência tivesse um feitio diferente das outras, e isso impressionou. As nossas reuniões começavam com a participação do povo na missa da manhã. Isso fez com que o povo acompanhasse, participasse. Foi uma experiência diferente das precedentes. Pela preparação, pelo acompanhamento, pela participação do povo de um modo muito próximo. Depois, no trabalho que foi feito, eu penso que a resposta dos bispos foi muito marcante e preciosa. O documento, aprovado pelo Papa, é de grande ajuda para as nossas Igrejas particulares e também para as Conferências Episcopais.
--O senhor temia atritos e dificuldades internas durante a Conferência?
--Cardeal Geraldo Majella Agnelo: Um dado importante é que, logo que iniciamos a Conferência, foi colocado: ‘Vamos fazer um documento ou não?’ E a resposta foi unânime: ‘Vamos’. Então ficou decidido que nós trabalharíamos em função não apenas de uma declaração, mas de um documento. Depois, o interesse que provocou na nossa gente, no povo, foi muito grande. O povo estava acompanhando. Isso criou dentro de nós uma confiança e um estímulo. De fato, a gente olhando bem, o documento de Aparecida é um texto em que se vê o estímulo que os bispos tiveram e que se coloca bem dentro da situação atual. Vivemos num tempo em que as pessoas são tentadas mais ao egoísmo, ao consumismo. Uma época em que o subjetivismo e o egoísmo trouxeram um maior desencontro das pessoas. Em uma época de meios de comunicação tão extraordinários, as pessoas não sabem como se comunicar pessoalmente umas com as outras. Trata-se de um documento que sente essas principais características do mundo, para dar uma resposta, mostrar um caminho. Caminho que é sempre a adesão a Cristo, não a uma ideologia, mas à pessoa de Cristo.
--Havia o receio de tentativas de instrumentalização da Conferência de Aparecida?
--Cardeal Geraldo Majella Agnelo: Eu penso que foi muito menos do que nas Conferências anteriores, porque as coisas eram feitas com muita clareza. Não é que alguém não pudesse ter alguma interpretação diversa do outro. Mas havia um consenso maior. Os bispos se sentiram livres. Não estavam condicionados. Nós da presidência sentimos facilidade. Não havia constrangimentos. Não presenciamos ninguém que fizesse uma colocação que fosse ofensiva a quem quer que seja. Nós não vimos isso. E também nos trabalhos em grupo existia uma facilidade das pessoas falarem e de confiarem nas outras. Deus nos conduziu com muitas graças. Eu, por exemplo, não senti nenhum constrangimento, mesmo sabendo que tinha de falar para aquela assembléia, dar a palavra nas plenárias e conduzir os trabalhos. Internamente, entre os presidentes, nós não ficamos preocupados com o falar isso ou aquilo.
--De saída, o Papa indicou a necessidade de uma análise da realidade que recordasse que «o mais real é Deus». Isso facilitou?
--Cardeal Geraldo Majella Agnelo: Sim. Isso significa não ficar contemplando só a nossa parte. Mas também como Deus agiu e age conosco. Como Ele mostra a Sua presença e como Ele caminha conosco. Eu participei de uma outra conferência precedente, que foi a de Santo Domingo. Foi uma conferência muito difícil. Houve a falta de definição rápida de produzir o documento ou não, e havia oposição entre grupos que queriam e grupos que não queriam. Isso prejudicou um melhor resultado do trabalho da assembléia. Na Conferência de Aparecida, nós recebemos, sem dúvida nenhuma, uma inspiração muito grande de Deus. As celebrações diárias da missa junto com os peregrinos eram para nós de um forte significado. Isso fez parte da assembléia. Marcou a vida dos nossos povos e a nossa vida pessoal também.
É o que destaca nesta entrevista a Zenit o cardeal Geraldo Majella Agnelo, arcebispo de Salvador (Bahia) e um dos presidentes da grande reunião eclesial inaugurada por Bento XVI em maio de 2007.
--Como o senhor vivenciou a tarefa de ser um dos presidentes de um evento tão importante como a Conferência de Aparecida?
--Cardeal Geraldo Majella Agnelo: A Conferência de Aparecida teve um caráter um tanto singular, pois não foi semelhante às outras. Ela foi muito bem preparada e articulada. A escolha do local foi do Papa, ele a prestigiou com sua presença e também deu o tema do evento. Ele ainda quis que fosse dentro do Santuário de Aparecida. Tudo isso fez com que a Quinta Conferência tivesse um feitio diferente das outras, e isso impressionou. As nossas reuniões começavam com a participação do povo na missa da manhã. Isso fez com que o povo acompanhasse, participasse. Foi uma experiência diferente das precedentes. Pela preparação, pelo acompanhamento, pela participação do povo de um modo muito próximo. Depois, no trabalho que foi feito, eu penso que a resposta dos bispos foi muito marcante e preciosa. O documento, aprovado pelo Papa, é de grande ajuda para as nossas Igrejas particulares e também para as Conferências Episcopais.
--O senhor temia atritos e dificuldades internas durante a Conferência?
--Cardeal Geraldo Majella Agnelo: Um dado importante é que, logo que iniciamos a Conferência, foi colocado: ‘Vamos fazer um documento ou não?’ E a resposta foi unânime: ‘Vamos’. Então ficou decidido que nós trabalharíamos em função não apenas de uma declaração, mas de um documento. Depois, o interesse que provocou na nossa gente, no povo, foi muito grande. O povo estava acompanhando. Isso criou dentro de nós uma confiança e um estímulo. De fato, a gente olhando bem, o documento de Aparecida é um texto em que se vê o estímulo que os bispos tiveram e que se coloca bem dentro da situação atual. Vivemos num tempo em que as pessoas são tentadas mais ao egoísmo, ao consumismo. Uma época em que o subjetivismo e o egoísmo trouxeram um maior desencontro das pessoas. Em uma época de meios de comunicação tão extraordinários, as pessoas não sabem como se comunicar pessoalmente umas com as outras. Trata-se de um documento que sente essas principais características do mundo, para dar uma resposta, mostrar um caminho. Caminho que é sempre a adesão a Cristo, não a uma ideologia, mas à pessoa de Cristo.
--Havia o receio de tentativas de instrumentalização da Conferência de Aparecida?
--Cardeal Geraldo Majella Agnelo: Eu penso que foi muito menos do que nas Conferências anteriores, porque as coisas eram feitas com muita clareza. Não é que alguém não pudesse ter alguma interpretação diversa do outro. Mas havia um consenso maior. Os bispos se sentiram livres. Não estavam condicionados. Nós da presidência sentimos facilidade. Não havia constrangimentos. Não presenciamos ninguém que fizesse uma colocação que fosse ofensiva a quem quer que seja. Nós não vimos isso. E também nos trabalhos em grupo existia uma facilidade das pessoas falarem e de confiarem nas outras. Deus nos conduziu com muitas graças. Eu, por exemplo, não senti nenhum constrangimento, mesmo sabendo que tinha de falar para aquela assembléia, dar a palavra nas plenárias e conduzir os trabalhos. Internamente, entre os presidentes, nós não ficamos preocupados com o falar isso ou aquilo.
--De saída, o Papa indicou a necessidade de uma análise da realidade que recordasse que «o mais real é Deus». Isso facilitou?
--Cardeal Geraldo Majella Agnelo: Sim. Isso significa não ficar contemplando só a nossa parte. Mas também como Deus agiu e age conosco. Como Ele mostra a Sua presença e como Ele caminha conosco. Eu participei de uma outra conferência precedente, que foi a de Santo Domingo. Foi uma conferência muito difícil. Houve a falta de definição rápida de produzir o documento ou não, e havia oposição entre grupos que queriam e grupos que não queriam. Isso prejudicou um melhor resultado do trabalho da assembléia. Na Conferência de Aparecida, nós recebemos, sem dúvida nenhuma, uma inspiração muito grande de Deus. As celebrações diárias da missa junto com os peregrinos eram para nós de um forte significado. Isso fez parte da assembléia. Marcou a vida dos nossos povos e a nossa vida pessoal também.
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