sexta-feira, 18 de abril de 2008

O que o Papa pensa quanto à diminuição das vocações

Semana de oração pelas vocações à Companhia de Jesus
Foi pedido ao Santo Padre para expressar sua opinião em relação à diminuição das vocações, não obstante o aumento da população católica, e sobre as razões da esperança oferecidas pelas qualidades pessoais e pela sede de santidade que caracterizam os candidatos que decidem prosseguir.

Sejamos sinceros: a capacidade de cultivar as vocações ao sacerdócio e à vida religiosa é um sinal da saúde de uma Igreja local. Não há espaço para alguma complacência a este respeito. Deus continua chamando os jovens, mas cabe a nós encorajar uma resposta generosa e livre a esse chamado. Por outro lado, nenhum de nós é capaz de dar esta graça por certa. No Evangelho, Jesus nos diz para rezar a fim de que o Senhor da messe envie novos operários; Ele diz também que os operários são poucos em relação à messe que é grande (cfr Mt 9,37-38).Pode parecer estranho, mas eu penso muitas vezes que a oração - l’unum necessarium – é o único aspecto das vocações que é eficaz e nós muitas vezes o esquecemos ou o desvalorizamos!Não falo somente de oração pelas vocações. A própria oração, que nasce nas famílias católicas, nutrida pelos programas de formação cristã, reforçada pela graça dos Sacramentos, é o meio principal mediante o qual conhecemos a vontade de Deus para a nossa vida. Na medida em que ensinamos os jovens a rezar, e a rezar bem, nós cooperamos ao chamado de Deus. Os programas, os planos e os projetos têm o seu lugar, mas o discernimento de uma vocação é, sobretudo, o fruto do diálogo íntimo entre o Senhor e os seus discípulos. Se souberem rezar, os jovens saberão o que fazer da vontade de Deus. Foi constatado que existe hoje uma grande sede de santidade em muitos jovens e embora em número menor, os que vão em frente demonstram um grande ideal e oferecem muitas promessas. É importante ouvi-los, compreender as suas esperanças e encorajá-los a ajudar seus coetâneos a verem a necessidade de sacerdotes e religiosos empenhados, como também a ver a beleza de uma vida de sacrifício e de serviço ao Senhor e à Igreja.A meu ver, muito se deve pedir aos diretores e formadores das vocações: aos candidatos, hoje, é preciso oferecer uma saudável formação intelectual e humana que os faça capazes não somente de responder às questões reais e às necessidades dos coetâneos, mas também de amadurecer em sua conversão e perseverar na vocação através de um compromisso que dure por toda a vida. Como Bispos, estejam conscientes do sacrifício que lhes é pedido quando solicitados a aliviar dos compromissos um de seus melhores sacerdotes para trabalhar no seminário. Peço a vocês que respondam com generosidade pelo bem de toda a Igreja.Enfim, acredito que saibam por experiência que muitos de seus irmãos sacerdotes são felizes por sua vocação. Aquilo que disse em meu discurso sobre a importância da unidade e da colaboração com o presbitério se aplica também neste campo. Existe a necessidade para todos nós de deixar as divisões estéreis, os desacordos e os preconceitos e de escutarmos juntos a voz do Espírito que orienta a Igreja rumo a um futuro de esperança. Cada um de nós sabe como é importante a fraternidade sacerdotal na própria vida; ela não è apenas um dom precioso, mas também um recurso imenso para a renovação do sacerdócio e o aumento de novas vocações. Desejo concluir encorajando-os a gerar oportunidades de diálogo ainda maiores e de encontros fraternos entre seus sacerdotes, especialmente os jovens. Estou convencido de que isto produzirá frutos para seu enriquecimento, para o aumento de seu amor ao sacerdócio e à Igreja, assim como na eficácia de seu apostolado. Com estas poucas observações, os encorajo ainda mais uma vez em seu ministério junto aos fiéis confiados a seus cuidados pastorais e lhes confio à intercessão amorosa de Maria Imaculada, Mãe da Igreja.

DIA 17 DE ABRIL DE 2008 NO SANTUÁRIO DE WASHINGTON

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