quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

O CARDEAL JESUITA VANHOYE: A NOVA ALIANÇA FUNDADA NO SANGUE DE JESUS NOS RENOVA E NOS COLOCA EM RELAÇÃO ÍNTIMA COM DEUS

Os exercícios espirituais para a Quaresma, iniciados neste domingo, na Capela Redemptoris Mater da residência apostólica vaticana, na presença do papa e da Cúria Romana, chegam hoje a seu quarto dia. Nas duas meditações desta manhã, o Cardeal Albert Vanhoye se deteve sobre o modo como a Carta aos Hebreus apresenta a promessa da Nova Aliança e sobre a página evangélica das bodas de Caná. Por sua vez, na meditação de ontem à noite, o Cardeal Vanhoye se deteve sobre o tema da "Solidariedade sacerdotal" de Cristo. Recordamos que justamente por causa dos exercícios espirituais, o Santo Padre não realizou hoje a tradicional audiência geral das quartas-feiras. A Carta aos Hebreus, ressaltou o Cardeal Vanhoye, estabelece uma estreita ligação entre o sacerdócio de Cristo e a Nova Aliança, da qual Jesus é mediador. O texto apresenta uma longa citação do oráculo de Jeremias, anúncio da Nova Aliança _ prosseguiu.Repetidamente, o povo de Israel foi infiel a Deus. E, no entanto, Deus envia Jeremias para anunciar uma Aliança realmente Nova, diferente da que foi feita com os Pais _ foi a reflexão do purpurado francês.Deus quer fazer uma mudança radical. Uma Aliança que se fundamenta em quatro elementos:"Primeiro aspecto, a nova aliança será interior e não exterior. Segundo aspecto, será uma relação de perfeita pertença recíproca entre Deus e o povo. Terceiro aspecto, não será uma instituição coletiva, será uma relação pessoal de cada um com Deus. Quarto aspecto, essa relação será fundada no completo perdão dos pecados."Portanto, a Nova Aliança traz uma transformação do coração. O Cardeal Vanhoye afirmou que no Sinai Deus havia escrito as suas leis em tábuas de pedra, leis externas a serem observadas, mas que não mudavam o coração das pessoas. Era indispensável uma transformação interior e Deus a promete. Uma vez mudado o coração, se instaura uma perfeita relação recíproca entre Deus e o povo _ acrescentou.Ademais, a Nova Aliança, anuncia Jeremias, não será coletiva, mas consistirá numa relação pessoal, íntima, que tornará as advertências inúteis. No Antigo Testamento era sempre necessária a advertência, a ameaça dos profetas _ ressaltou o purpurado. E, no entanto, essas advertências não bastam para converter o povo de Israel.Ao invés, a Nova Aliança se apresenta como uma situação diferente, sem mais necessidade de advertências. O oráculo abre perspectivas maravilhosas, mas não explica como essa extraordinária promessa de Deus poderá realizar-se _ observou o Cardeal Vanhoye:"É o que nos revela, ao invés, Jesus, na última ceia, quando institui a Eucaristia. Jesus toma o cálice e diz: 'Este é o meu sangue da aliança'. A nova aliança deveria ser fundada no sangue, um sangue derramado para muitos para a remissão dos pecados, segundo a promessa da nova aliança."A Nova Aliança é, assim sendo, fundada no sangue de Jesus. Por isso, devemos tomar consciência dessa Aliança que nos renova completamente e nos coloca em relação profunda com Deus por meio de Cristo _ foi a exortação purpurado.O pregador dos exercícios espirituais dedicou a segunda meditação às bodas de Caná, que se celebram justamente para estabelecer uma aliança _ afirmou. O purpurado recordou que a Aliança entre Deus e o Seu povo é apresentada no Antigo Testamento justamente como núpcias.A idolatria, pelo contrário, é apresentada como uma infidelidade, um adultério do povo de Israel, como no episódio do bezerro de ouro. Todavia, também nos momentos mais trágicos, o Senhor não renuncia a seu projeto de união no amor e promete uma nova aliança.Portanto, em Caná cumpre-se o milagre da transformação da água em vinho. Jesus dá início a seus sinais milagrosos e manifesta a sua glória. Mas qual é a glória de Jesus? _ pergunta-se o Cardeal Vanhoye, que responde: é justamente a glória do esposo. É a glória do amor generoso que doa o vinho bom para realizar as núpcias.Na página evangélica ficamos impressionados com a figura de Maria _ disse ainda. A Mãe havia falado ao filho das dificuldades do esposo pela falta de vinho. Jesus responde num modo que manifesta a evolução na relação com a Mãe:"Um comentário patrístico explica que agora não é mais a hora de Maria, isto é, o tempo no qual a Mãe deve conduzir o filho na vida, é a hora de Jesus, a hora na qual Jesus deve tomar a iniciativa e realizar o plano de Deus. Jesus não deve mais obedecer a Maria, deve assumir a sua missão de Messias."Maria torna-se assim duplamente mãe de Jesus, ensinando-nos a verdadeira docilidade a Ele _ ressaltou. Esse Evangelho coloca-nos diante da escolha de duas atitudes espirituais opostas, a da docilidade de Maria e a de quem não quer aceitar nenhuma mudança de relação, proposta por Jesus.O Cardeal Vanhoye concluiu a meditação com o convite de São Paulo, na Carta aos Romanos, a nos transformarmos renovando a nossa mente.

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