sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

PAPA DIZ QUE IGREJA PRECISA DOS JESUÍTAS E CONTA COM ELES PARA LEVAR O EVANGELHO AONDE OUTROS NÃO CHEGAM

Bento XVI recebeu em audiência, esta manhã, na Sala Clementina, no Vaticano, os 226 membros da 35ª Congregação Geral da Companhia de Jesus, que há um mês elegeu o novo prepósito geral, Pe. Adolfo Nicolás.Em seu discurso aos presentes, o Santo Padre lembrou que, por um lado, há um mundo que é "teatro de uma batalha entre o bem e o mal": onde o mal se incuba no individualismo de idéias e ações que relativisam o sagrado, se propaga mediante a "confusão de mensagens", que tornam difícil a escuta da Mensagem de Cristo, e se estagna naquelas "situações de injustiça" e de conflito das quais os pobres são as primeiras vítimas.Por outro lado, há uma Ordem religiosa que em quase quinhentos anos foi capaz de desafiar toda diversidade histórica e cultural, e de levar realmente o Evangelho aos confins do mundo, graças à inteligência e à abnegação de pessoas que respondem pelo nome de Francisco Xavier, Matteo Ricci ou Roberto De Nobili, somente para citar os mais renomados.Esses exemplos servem ainda hoje, e Bento XVI pediu à Companhia de Jesus que forme "pessoas de fé sólida e profunda, de cultura séria e de genuína sensibilidade humana e social":"Como reiteradas vezes os meus Predecessores disseram aos senhores, a Igreja precisa de vocês, conta com vocês, e continua dirigindo-se a vocês com confiança, em particular para alcançar aqueles lugares físicos e espirituais aonde outros não chegam ou têm dificuldade de chegar."Hoje _ constatou o papa _ não são tanto "os mares ou as grandes distâncias os obstáculos que desafiam os anunciadores do Evangelho, mas as fronteiras que, seguindo uma errada ou superficial visão de Deus e do homem, se interpõem entre a fé e o saber humano, a fé e a ciência moderna, a fé e o compromisso com a justiça".Sobre essas fronteiras _ relançou Bento XVI _ os jesuítas devem, por sua vez, "testemunhar e ajudar a compreender que há, ao invés, uma harmonia entre fé e razão", a ser traduzida numa defesa daqueles "pontos nevrálgicos hoje fortemente atacados pela cultura secular".Em síntese, o matrimônio e a família, a moral sexual, a questão da salvação de todos os homens em Cristo:"Justamente por isso os convidei e os convido a refletirem para encontrar o sentido mais pleno daquele característico 'quarto voto' de obediência de vocês ao Sucessor de Pedro, que não comporta somente a prontidão a ser enviados em missão a terras distantes, mas também _ no mais genuíno espírito inaciano do 'sentir com a Igreja e na Igreja' _ a 'amar e servir' o Vigário de Cristo na terra com aquela devoção 'efetiva e afetiva' que deve fazer dos senhores os preciosos e insubstituíveis colaboradores do papa em seu serviço à Igreja presente no mundo inteiro."Uma fidelidade que pouco antes, em sua saudação ao pontífice, o novo prepósito geral da Companhia, Pe. Adolfo Nicolás, havia reiterado de modo contundente:"Entristece-nos, Santo Padre, que as inevitáveis insuficiências e superficialidades de alguns entre nós sejam por vezes utilizadas para dramatizar e representar como conflitos e oposições aquelas que comumente são apenas manifestações de limites e imperfeições humanas, ou inevitáveis tensões do viver cotidiano. Mas tudo isso não nos desencoraja, nem atenua a nossa paixão, não somente a servir a Igreja, mas também, com maior radicalidade, segundo o espírito e a tradição inaciana, a amar a Igreja hierárquica e o Santo Padre, Vigário de Cristo."Bento XVI expressou apreço pelas obras de solidariedade com as quais os jesuítas _ na esteira, disse, de uma "das últimas intuições de visão de Pe. Arrupe" _ se colocaram a serviço dos refugiados. Ao chamar a atenção para que tais obras "conservem sempre uma clara e explícita identidade", que não prejudique a bondade do trabalho apostólico, o papa se deteve sobre o sentido cristão do serviço aos que se encontram necessitados:"Para nós a opção pelos pobres não é ideológica, mas nasce do Evangelho. São inúmeras e dramáticas as situações de injustiça e de pobreza no mundo de hoje, e é preciso comprometer-se a compreender e a combater as suas causas estruturais. É necessário também saber combater até no próprio coração do homem as raízes profundas do mal, o pecado que o separa de Deus, sem esquecer ir ao encontro das necessidades mais urgentes no espírito da caridade de Cristo."Bento XVI reservou a conclusão do amplo discurso à importância dos exercícios espirituais, há pouco realizados no Vaticano, e à sua prática fundamental na espiritualidade de Santo Inácio de Loyola. São um "instrumento precioso e eficaz _ reconheceu o papa _ para distinguir a voz de Deus na rápida e muitas vezes caótica mutação dos eventos e das mensagens hodiernas.

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