Seis esperanças para a Congregação Geral
Podemos ser realistas?
Eu ainda me recordo da Congregação Geral (CG) 34. Éramos apaixonados, bem humorados, desafiávamos memórias. Mas não éramos realistas.
Apenas imagine: 220 jesuítas decidem encarar 46 tópicos, trabalhando sobre eles por três meses, produzindo documentos, solenemente tratando e aprovando 416 normas complementares. Sendo assim, não ficamos surpresos quando as crises surgiram: crises de contentamento, de gestão e de esperança.
[Desse modo, para esta Congregação Geral,] é minha ardente esperança que sejamos realistas quanto ao que uma Congregação Geral pode decentemente fazer bem, o que não, e o que ela deveria deixar para o novo Padre Geral e sua equipe.
Podemos ser transparentes?
A transparência é uma realidade cada vez mais difícil em nosso pequeno mundo. Quando foi a última vez que um grande líder pôde confessar pecados graves e continuar liderando o rebanho, o país, a Igreja?
Todavia, nossas Congregações Gerais sempre começaram com um reconhecimento franco e honesto das circunstâncias em que estamos errados, do que está faltando em nossas vidas, do que foi distorcendo e machucando o nosso espírito, do que precisa de conversão, renovação ou de radical reforma.
É minha sincera esperança que possamos fazer isso de novo.
Podemos ser acompanhados?
O melhor de uma Congregação Geral é ela em si mesma, enquanto um “evento do coração”. Trata-se de um tempo de intensa busca e de alegre intercâmbio, em que questões e respostas não se apresentam linearmente, mas dançando dentro de nós e em volta de nós, no ritmo de uma mútua abertura fraterna e humilde.
Minha esperança é que isso aconteça em toda Companhia de Jesus. Eu espero que todos nós tomemos parte na preparação da Congregação [Geral] a partir de dentro, a partir dos nossos problemas comuns. Rezar, refletir, e partilhar são, ao mesmo tempo, dom e contribuição.
Eu espero que aqueles que não vão à Roma possam monitorar e seguir os eventos de perto, com a mesma esperança, a mesma intensividade de busca, a mesma boa vontade para mudar e ser conduzido pelo Espírito de nosso Senhor. Essa será a nossa melhor companhia.
Podemos ser criativos?
Eu tenho um sentimento, ainda impreciso e difícil de definir, que há alguma coisa importante em nossa vida religiosa que merece atenção, e não é observado. Nós, certamente, temos sido diligentes em localizar os nossos problemas onde quer que os percebamos: Pobreza (CG 32 em 1974 e 34 em 1995), Castidade (CG 34), Comunidade (Provinciais em Loyola)... Mas as inquietações na Companhia e na Igreja não desapareceram.
A questão para nós é: basta que estejamos felizes com nossas vidas e aperfeiçoando o nosso serviço e ministério? Não há também um importante fator na percepção das pessoas (Vox Populi) que deveria nos conduzir a uma profunda reflexão sobre a vida religiosa atual? Como nós conseguimos tamanha admiração e tão pouco seguimento?
Portanto, uma de minhas esperanças é que, na CG 35, nós comecemos um processo dinâmico e aberto de reflexão acerca da nossa vida religiosa que poderia dar início a um [outro] processo: o de re-criação da Companhia de Jesus para os nossos tempos, não somente na qualidade de nossos serviços, mas também e, ainda mais, na qualidade do testemunho de nossos companheiros e comunidades para a Igreja e para o mundo.
Podemos ser práticos?
O tempo em que vivemos, e que viverão os nossos jesuítas mais jovens, é um período de mudanças muito rápidas. Novas tecnologias e novas possibilidades de comunicação podem fazer uma grande diferença. Usamos algumas delas e nos sentimos livres para usar outras. Talvez um certo constrangimento em utilizar novos meios de comunicação possa ser bom para nós. Talvez não. É tão difícil saber o que acontecerá daqui a sete ou a dez anos. Minha esperança é que a Congregação Geral abra o caminho para as futuras Congregações Gerais, dando ao novo Geral e seu Conselho a liberdade para discernir e escolher os melhores meios de preparar e executar as Congregações futuras.
Podemos ser breves?
Nós não gostaríamos de que a CG 35 se tornasse um exercício de paciência. Uma Congregação Geral não é uma “Panacea” para todos os problemas que possamos arrostar. Ela é uma ajuda de grande valor, mas basicamente orientada para o crescimento no Espírito e no Apostolado de toda Companhia.
Assim, minha última esperança é a de que seremos suficientemente claros quanto aos nossos propósitos, e tão centrados em nosso trabalho, que nós poderemos fazer esse serviço para a Companhia e para a Igreja dentro de um período razoavelmente breve.
Eu ainda me recordo da Congregação Geral (CG) 34. Éramos apaixonados, bem humorados, desafiávamos memórias. Mas não éramos realistas.
Apenas imagine: 220 jesuítas decidem encarar 46 tópicos, trabalhando sobre eles por três meses, produzindo documentos, solenemente tratando e aprovando 416 normas complementares. Sendo assim, não ficamos surpresos quando as crises surgiram: crises de contentamento, de gestão e de esperança.
[Desse modo, para esta Congregação Geral,] é minha ardente esperança que sejamos realistas quanto ao que uma Congregação Geral pode decentemente fazer bem, o que não, e o que ela deveria deixar para o novo Padre Geral e sua equipe.
Podemos ser transparentes?
A transparência é uma realidade cada vez mais difícil em nosso pequeno mundo. Quando foi a última vez que um grande líder pôde confessar pecados graves e continuar liderando o rebanho, o país, a Igreja?
Todavia, nossas Congregações Gerais sempre começaram com um reconhecimento franco e honesto das circunstâncias em que estamos errados, do que está faltando em nossas vidas, do que foi distorcendo e machucando o nosso espírito, do que precisa de conversão, renovação ou de radical reforma.
É minha sincera esperança que possamos fazer isso de novo.
Podemos ser acompanhados?
O melhor de uma Congregação Geral é ela em si mesma, enquanto um “evento do coração”. Trata-se de um tempo de intensa busca e de alegre intercâmbio, em que questões e respostas não se apresentam linearmente, mas dançando dentro de nós e em volta de nós, no ritmo de uma mútua abertura fraterna e humilde.
Minha esperança é que isso aconteça em toda Companhia de Jesus. Eu espero que todos nós tomemos parte na preparação da Congregação [Geral] a partir de dentro, a partir dos nossos problemas comuns. Rezar, refletir, e partilhar são, ao mesmo tempo, dom e contribuição.
Eu espero que aqueles que não vão à Roma possam monitorar e seguir os eventos de perto, com a mesma esperança, a mesma intensividade de busca, a mesma boa vontade para mudar e ser conduzido pelo Espírito de nosso Senhor. Essa será a nossa melhor companhia.
Podemos ser criativos?
Eu tenho um sentimento, ainda impreciso e difícil de definir, que há alguma coisa importante em nossa vida religiosa que merece atenção, e não é observado. Nós, certamente, temos sido diligentes em localizar os nossos problemas onde quer que os percebamos: Pobreza (CG 32 em 1974 e 34 em 1995), Castidade (CG 34), Comunidade (Provinciais em Loyola)... Mas as inquietações na Companhia e na Igreja não desapareceram.
A questão para nós é: basta que estejamos felizes com nossas vidas e aperfeiçoando o nosso serviço e ministério? Não há também um importante fator na percepção das pessoas (Vox Populi) que deveria nos conduzir a uma profunda reflexão sobre a vida religiosa atual? Como nós conseguimos tamanha admiração e tão pouco seguimento?
Portanto, uma de minhas esperanças é que, na CG 35, nós comecemos um processo dinâmico e aberto de reflexão acerca da nossa vida religiosa que poderia dar início a um [outro] processo: o de re-criação da Companhia de Jesus para os nossos tempos, não somente na qualidade de nossos serviços, mas também e, ainda mais, na qualidade do testemunho de nossos companheiros e comunidades para a Igreja e para o mundo.
Podemos ser práticos?
O tempo em que vivemos, e que viverão os nossos jesuítas mais jovens, é um período de mudanças muito rápidas. Novas tecnologias e novas possibilidades de comunicação podem fazer uma grande diferença. Usamos algumas delas e nos sentimos livres para usar outras. Talvez um certo constrangimento em utilizar novos meios de comunicação possa ser bom para nós. Talvez não. É tão difícil saber o que acontecerá daqui a sete ou a dez anos. Minha esperança é que a Congregação Geral abra o caminho para as futuras Congregações Gerais, dando ao novo Geral e seu Conselho a liberdade para discernir e escolher os melhores meios de preparar e executar as Congregações futuras.
Podemos ser breves?
Nós não gostaríamos de que a CG 35 se tornasse um exercício de paciência. Uma Congregação Geral não é uma “Panacea” para todos os problemas que possamos arrostar. Ela é uma ajuda de grande valor, mas basicamente orientada para o crescimento no Espírito e no Apostolado de toda Companhia.
Assim, minha última esperança é a de que seremos suficientemente claros quanto aos nossos propósitos, e tão centrados em nosso trabalho, que nós poderemos fazer esse serviço para a Companhia e para a Igreja dentro de um período razoavelmente breve.
Adolfo Nicolás, Moderador da Conferência dos Jesuítas da Ásia Oriental e Oceania.
Tradutor: Moises, sj
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