terça-feira, 22 de janeiro de 2008

A IGREJA PEDE DESCULPAS AOS DIVORCIADOS

O cardeal de Milão, Dionigi Tettamanzi escreve aos separados e divorciados. Também àqueles que refizeram uma vida, encontrando novos companheiros, recasando-se e talvez tendo outros filhos. A todos pede explicitamente desculpas porque “os vossos sofrimentos muitas vezes não foram levados em conta ou ignorados pela Igreja”. Uma carta de 23 páginas que chega às livrarias hoje e que foi apresentada ontem na página eletrônica da diocese milanesa. A reportagem é do jornal Repubblica, 21-01-2008.O cardeal de Milão deplora que muitas famílias, depois do fracasso, tenham experimentado por parte dos religiosos “um juízo sem misericórdia e uma condenação sem apelo”, chegando a “alimentar o pensamento de serem abandonados ou rejeitados pela Igreja”. E o cardeal assegura “que a Igreja não vos esqueceu e, muito menos, vos rejeita ou vos considera indignos”. Palavras fortes, considerando que o tema da sacralidade do matrimônio é um dos mais debatidos no interior do mundo católico, sobretudo quando se abre o debate, na Itália, sobre as uniões de fato. O arcebispo da maior e mais populosa diocese italiana há tempo, desde a grande manifestação do Family Day, está empenhado em buscar distender os tons no diálogo com a sociedade civil e com a frente laica. Um diálogo que Tettamanzi pediu, juntamente com o cardeal Martini, sobre um dos temas mais sensíveis para o mundo católico. À família, em todas as suas acepções, Tettamanzi dedicou também o plano pastoral trienal.Na carta o cardeal de Milão afirma que a “Igreja sabe que em certos casos não somente é lícito, mas pode ser até inevitável tomar a decisão de se separar, para defender a dignidade das pessoas, para evitar traumas profundos”. Nada, portanto, de condenações a priori. Nada de ostracismos. Pelo contrário, um convite formal a “não vos afasteis da vida de fé e da Igreja que espera de vós uma presença ativa”. Não contradiz, mas reforça – citando o papa Ratzinger – a diretriz que nega aos divorciados novamente casados o sacramento da comunhão. Mas, ressalta que “é errado achar que estes estejam excluídos de uma vida de fé e caridade efetivamente vivida no interior da comunidade eclesial”.

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